Passei o mês de julho em plena crise existencial: em meio às comemorações sobre o aniversário da chegada do homem à lua, me dei conta de que assisti – ao vivo, com uma imagem horrorosa – pela TV, a esta cena histórica. O grande lance é que a transmissão foi ao vivo, numa época em que as imagens demoravam dias para chegar aos simples mortais. A Copa do Mundo de 62, por exemplo (é, também vi Garrincha e Pelé no auge das carreiras...), nós ouvíamos a transmissão pelo rádio, com o som sumindo de vez em quando e assistíamos o VT das partidas dois, três dias depois... E era ali, no Chile. Hoje, a TV mostra atentados em tempo real e o mundo virou mesmo a aldeia global preconizada por Mc Luhan...
Mas por que esse ataque de nostalgia para falar de Comunicação Interna?
Primeiro, não se trata de nostalgia. Quem viveu este trabalho há trinta anos sabe como as coisas eram difíceis, então. A logística para se preparar um simples mural informativo, por exemplo, exigia prazos imensos... O Estúdio recebia o texto, diagramava e o mandava para fotocomposição. Enquanto isso, preparava as ilustrações – à base de aerógrafo, um trabalho artístico. Quando a composição chegava, era feita a montagem, enviava-se para fotolito e tirava-se uma prova, que virava o original a ser colocado no mural.
O mesmo processo valia para os informativos – os jornaizinhos... Tudo demandava mais tempo. Tudo exigia um planejamento logístico que envolvia prazos tão longos que era normal trabalhar duas pautas de informativos ao mesmo tempo para que não se perdesse o prazo de edição de dois jornais bimestrais – e, mesmo assim, os atrasos eram freqüentes...
Hoje, em plena era digital, fazer comunicação interna continua a obedecer os mesmos conceitos. As diferenças estão nos reflexos da própria sociedade. A linguagem utilizada – tão formal que parecia usar terno e gravata – deu lugar a um texto mais livre, mais solto, mais interessante...
As ferramentas permitem uma velocidade e qualidade de apresentação cada vez maiores e melhores, gerando atratividade e reconhecimento da realidade presente. Não é à toa, por exemplo, que o nosso informativo se chama Café com Leite. Faz parte de nosso dia-a-dia, tem um entregador de pedidos com a grande qualidade de ser palmeirense e de não contribuir com a poluição, já que usa uma bike...
Porque Comunicação Interna, para funcionar, tem que atingir a alma e a consciência das pessoas. Isso, as novas ferramentas, por mais eficazes que sejam, não resolvem. Nada vai funcionar se não houver conceito, conteúdo e olho no olho, disponibilidade em prestar informação e estar atento às diferentes percepções que as pessoas têm das mensagens recebidas. Porque não basta manter a porta aberta. Mais importante que isso, é manter a mente aberta, ouvir, dialogar, ter a disposição de compreender.
Flavio Valsani, diretor Executivo da LVBA Comunicação. Assistiu à Copa de 70 em preto e branco... As imagens coloridas da conquista chegaram quase um ano depois...
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quinta-feira, 30 de julho de 2009
Mudou, pero no mucho...
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Disse bem:
ResponderExcluirAtingir a alma e a consciência das pessoas vai além das novas ferramentas que não substituem percepção, sensibilidade e o olhar atento.
Muito legal Flávio! Hoje trabalho com CI e o desafio é esse mesmo: informar na velocidade exigida, sem que se deixe escapar a sensibilidade.
ResponderExcluirGrande abraço!
Parabéns por usar a bicicleta como veículo de entregas. O mundo agradece, embora em silêncio.
ResponderExcluirEu, que faço parte de uma turma mais jovem, os nascidos depois de 1985 não vivemos essa época que você cita no post. No entanto, hoje convivemos com muitas pessoas que viveram essa época e infelizmente trazem muito "dela" para a atualidade. Acho que o que mais impressiona todo mundo é a velocidade que a informação "voa" (se estivéssemos em 1970 eu diria - a velocidade que a comunicação "caminha").
ResponderExcluirabraço
Max Delazeri
Flávio, boa noite. Eu também vivi essa fase gloriosa e me orgulho dela e de todos os bons acontecimentos da época.
ResponderExcluirSaudações,
Cláudio Amaral
clamaral@uol.com.br