quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Meu nome não é Tony

Muita gente acha que meu nome é Antônio, mas não é. Tampouco é Tony. Eu mesmo levei um longo tempo para descobrir como era o meu nome. Sim, isso mesmo. Acho que só lá pelos cinco anos eu comecei a assimilar o nome. Culpa da minha avó materna. A querida Angelina não parecia apreciar o nome ou achava mais fácil, como o resto da família, a chamar o filho do Henrique pelo diminutivo Henriquinho. Não demorou e virou Riquinho para alguns e assim eu cresci, entre dois apelidos. Lembro que me chamavam assim na escolinha em Moema. Até o Rivelino me autografou uma camisa com o nome Riquinho (Para a geração Y que não deve lembrar quem é Roberto Rivelino, ele seria como um Ronaldinho Gaúcho se jogasse nos dias de hoje).

A vida continuou e um dia Riquinho descobriu que seu nome era Suetônio. Um choque. Ainda mais porque veio acompanhado de todo um “currículo”. Suetônio, ou Gaius Suetonius Tranquilus, era um romano, que viveu na época dos cinco bons imperadores. Escreveu livros e uma de suas obras mais famosas foi “Os Doze Césares”. Ainda na história, outro Suetônio destacou-se, um general romano que conteve a rebelião de Boadicéia. O nome foi uma homenagem a meu avô. Aí na escola começaram as brincadeiras, “Seu Antônio” e aqueles que achavam que o nome era uma mistura de Sueli com Antônio. O tempo fez com que o que era inconveniente virasse divertido.

Ainda hoje quando eu me apresento numa recepção ou o nome está registrado é comum que digam “Seu Antônio” ou apenas “Antônio”, achando que o “seu” foi colocado como alguém que usa um doutor ou conde na frente. Vai saber o que se passa na cabeça das pessoas. Eu me divirto. Muitas vezes nem faço a correção e perdi o número de vezes que disse que meu nome na verdade era Eduardo ou que meu nome é pelo fato que meu pai era Sueli e minha mãe, Antônio.

Foi numa viagem a Disney, quando eu tinha doze ou treze anos, que Tony nasceu. Silvia Sukita, que ganhou esse apelido no primeiro dia nos EUA, por usar uma camiseta que tinha a cor do refrigerante, que começou a me chamar pelo novo apelido. Riquinho e Cia eram restritos ao ambiente familiar. Nessa época eu achava estranho, porque Tony era coisa de Antônio. Na minha cabeça, Suetônio devia ser Sony. Afinal, era tudo com “S”. O fato é que talvez tenha me poupado de algum processo ou no mínimo, advogados. Os anos passaram e Tony foi ficando mais conhecido e era mais fácil mesmo. Tem gente que me conhece há anos e até hoje não faz a menor idéia do meu nome real.

Embora pareça raro, o nome é mais normal do que se pensa, basta dar um google para conferir ou checar o Oldkut, que possui inúmeros participantes e 39 comunidades, enquanto o Facebook também possui um número grande de inscritos com o nome.

Tony Tramell já se incomodou mais com o nome. É cinéfilo e viciado em séries de TV. Está escrevendo um romance, mas é um escrito baiano, com todo ritmo que se imagina. Resolveu revelar seu nome com medo que o Wikileaks fosse mais rápido. Seu sonho é fazer um duo, “Seu Jorge” e “Seu Tony”, mesmo que seja para uma única apresentação.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Promoção LVBA – Nokia 5235 Comes With Music. A primeira agência de bolso do mundo agora na sua mão!

Chegou a hora de você ter a primeira agência de bolso do mundo em suas mãos! A LVBA vai sortear um Nokia 5235 Comes With Music com seu aplicativo embarcado, para te deixar por dentro de tudo que acontece no mundo da comunicação!

Para participar é simples:

- Primeiro você PRECISA seguir o perfil da agência no Twitter: @lvba. Feito isso, basta twittar a frase: “Estou seguindo a @lvba e concorrendo a um Nokia 5235 com aplicativo da 1ª agência de bolso do mundo! http://kingo.to/nHK Siga e RT!”;

- O sorteado SÓ leva o prêmio se for seguidor e retuitar a frase acima com o link da promoção. O link precisa ser da kingo.to. Caso ele não seja seguidor da @lvba ou não tenha cumprido um dos requisitos, outro sorteio será realizado!

- A promoção vale até sexta-feira, 10, quando o sorteio será realizado pontualmente às 16h, pelo site sorteie.me;

Lembre-se: a frase “Estou seguindo a @lvba e concorrendo a um Nokia 5235 com aplicativo da 1ª agência de bolso do mundo! http://kingo.to/nHK Siga e RT!” e ser seguidor da @lvba validarão sua participação!

BOA SORTE!!!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Pelo fim da pista VIP!

Planeta Terra 2009 - sem pista VIP
No dia 22 de novembro encerrei minha maratona de shows internacionais do ano. Foram sete apresentações individuais e mais dois megafestivais - cada um com, pelo menos, umas 20 bandas. E antes de qualquer pergunta, meu último show do ano não foi do Paul McCartney, que presenciei no dia 21 – aliás, ele era o tema inicial desse post. Como foi uma experiência muito pessoal, resolvi só publicar no meu blog mesmo – e, não fugindo à regra, o evento contou com algo que chamo de “o câncer da produção musical”: a odiada pista VIP. Confie em mim quando digo que a expressão não é exagerada, mas vou explicar tudinho.

Eu sou fã de verdade. Daquelas meio ridículas, que decoram todos os detalhes dos encartes dos álbuns, conhecem discografias de cabo a rabo e sabem cantar todas as músicas. Também sou apaixonada por shows. Essa é uma das únicas oportunidades que os fãs têm para interagir com seus ídolos, mesmo que seja só batendo palma e cantando tudo errado. Afinal, você está lá, vendo alguém que até então era só um mito. É a concretização de um sonho.

Quando alguma banda que eu gosto confirma sua passagem por aqui, é sempre a mesma coisa: desespero momentâneo por não saber de onde tirar grana, começar a guardar o sagrado dinheirinho (depois de descobrir onde ele estava o tempo todo), até chegar o momento de segurar o ingresso e esperar ansiosamente o dia do show. Com o passaporte da felicidade em mãos, já posso imaginar livremente qual será o setlist, quantas músicas terá,  “quais são as chances de tocar aquela lá que eu adoro, do primeiro disco?”. Dependendo do tamanho do amor, dormir na fila por dias não é um problema. O importante é ficar colada na grade, com faixas, cartazes e toda sorte de babaquices que chamem a atenção de alguma das figuras ali no palco para minha presença no meio da plateia. Já consegui alguns autógrafos e até fazer com que tocassem a música que eu peço desse jeito, e não me canso de tentar de novo.

Mas todos meus sonhos foram despedaçados quando inventaram a maldita pista VIP.  Pelo dobro ou triplo do valor do ingresso – que está cada vez mais caro – você pode fazer tudo que está descrito na metade final do parágrafo acima. Isso é, se você tiver uns R$ 500 para desembolsar em todos os shows em que for, algo que se torna insustentável em algum momento. A pista VIP é incompatível com a nossa realidade; seus preços são impraticáveis.

Desde que o Brasil entrou de vez na rota dos shows gringos, a pista VIP tem nos perseguido. Em 2006, quando comecei a ir a um número maior de apresentações, ela já estava presente. Além de esfriar o mais elétrico dos shows, artista nenhum gosta, porque sabem que os fãs de verdade, aqueles que desenterraram uma camiseta surrada para ir ao estádio e que tinham pôsteres na parede do quarto, estão lá no fundo, separados por uma grade cercada de seguranças carrancudos e mal preparados.

E é lá que o show acontece. É lá que a galera pula e se encharca de suor. É de lá que vem o coro em todas as músicas e as palmas sincronizadas. O artista percebe isso, e alguns até incitam a invasão, como fez Tom Morello, do Rage Against The Machine, ao saber que os shows que a banda faria na América do Sul teriam a tão detestada pista VIP. No Brasil e no Chile, os fãs derrubaram a grade, deixando os responsáveis pela organização em pânico. Quem conseguiu passar para o outro lado ficou bem feliz, e a banda também.

RATM em Santiago. Na descrição do vídeo, os chilenos previram o futuro:
"el genesis de la muerte de la cancha vip".

Claro que isso não é certo, mas, sem essa provocação, todo mundo sai perdendo. Quer dizer, quase todo mundo. Pseudofamosos, os embaixadores da pista VIP, conseguem mais quinze minutinhos de fama. Os amigos dos organizadores, que nem sabem quem está no palco, também têm seu momento, para se sentirem mais importantes. Os artistas descolam mais alguns zeros no cachê ao permitir essa prática. E, é claro, as produtoras, que lucram muito mais com os preços inflacionados dos ingressos. Fora isso, qual é o objetivo da pista VIP? Nenhum outro além de separar fãs de verdade e banda.

Falo isso com conhecimento de causa. No último dia do tão falado SWU Music and Arts Festival, fui de pista VIP pela primeira vez. Ela seria completamente dispensável se, por uma falha imperdoável da organização, os telões não tivessem parado de funcionar durante o show do Queens of the Stone Age, a banda que me levou até lá. Mas não pretendo pagar para ir de pista VIP de novo. Tirando a chance de poder ficar de cara com o palco, não existe nenhuma vantagem. Não é mais confortável, não tem um bar gratuito, não tem banheiro limpo. A pista VIP só separa quem pode pagar mais de quem não pode. E, pelo que eu pude ver, os fãs não estão podendo gastar muito com ingresso, já que não tinham muitos por lá.

O pior é que não há como fazer boicote. Se você não for ao show, qual será a próxima chance? O Paul McCartney, por exemplo, demorou 17 anos para voltar ao Brasil. Não compensa esperar por algo que talvez não aconteça mais. Pelo jeito como as coisas estão caminhando, teremos que nos conformar com esse abuso.

Ou podemos ter esperanças.

No festival Planeta Terra, que já teve quatro edições muito bem sucedidas, não existe pista VIP; existe área VIP. Em camarotes ao lado dos palcos e com boa vista, os endinheirados têm direito a open bar, comidinhas, lounge para descanso, DJ e muita aparição. As pessoas que foram para curtir seus artistas preferidos podem disputar a grade, do jeito que todo mundo gosta. Ninguém incomoda ninguém.

O U2, que se apresenta no Morumbi em abril, deixou muitos fãs com sorrisos de orelha a orelha quando falou que não haveria pista VIP (mas surgiu um boato de que a produtora daria um jeito de contornar essa cláusula contratual). O Rock In Rio, que volta à Cidade Maravilhosa em setembro, anunciou que não terá pista VIP. Melhor ainda, os ingressos têm um preço acessível.

O Brasil ainda tem muito a aprender com quem sabe fazer megaevento. Nos Coachellas, Lollapaloozas e Glastonburys da vida, festivais com muito mais artistas do que estamos acostumados a ver por aqui (e, consequentemente muito mais público), funciona assim: quem pagou mais caro para ter mais mordomias tem áreas reservadas atrás ou ao lado dos palcos. Mas, se quiser ver o show, vai ter que se espremer no meio da galera.

Em 2011, começo mais uma jornada de shows gringos. Ainda não sei em quais vou e nem se serão bons, mas vai bastar não ter pista VIP para ficar mais agradável. Se eu voltar daqui um ano, espero que seja com notícias muito melhores!

Natalia Máximo é viciada em música e contra a pista VIP. Já cansou de ouvir comentários como “dava para dar entrada em um carro zero com o dinheiro que você gasta em shows”, mas prioridades são prioridades. Já está economizando para ir ao Coachella ou ao Glastonbury em 2012, só ainda não conseguiu escolher qual (por que não os dois?). Em seu blog, o Caleidoscópio Dental, sempre escreve sobre os shows em que foi - e muitas outras coisas dessa vida cada vez mais maluca.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Um balanço da temporada de F-1


Muitos de vocês não sabem, mas nas horas vagas sou um apaixonado por F-1. Portanto, aproveito o espaço para falar um pouco sobre o tema. Com a temporada 2010 da Fórmula 1 encerrada, é hora de fazer um balanço geral. E nada melhor do que fazer isso dividido em tópicos – os mais quentes do ano, para o mundo e para os brasileiros:

1. A queda de rendimento de Felipe Massa
Muito se falou no ano sobre Felipe Massa. Infelizmente, pouco foi bom. Massa chegou a liderar o campeonato, de forma breve, na terceira corrida do ano. Mas, de lá pra cá, foi uma queda sem fim. Terminou apenas dois pontos a frente de Nico Rosberg, da Mercedes. Foi o último das três maiores equipes do ano. Protagonizou o pior momento da temporada, quando cedeu a liderança para Fernando Alonso, no GP da Alemanha. Passou boa parte do ano apagado, sem brilho e claramente frustrado.

Alguns chegaram a questionar se o desempenho de Massa não teria sido afetado após o acidente que ele sofreu no ano passado. Eu duvido. O piloto diz que o principal problema foi o aquecimento nos pneus, algo que ele teve dificuldades de adaptação. Acredito, mas não é este o principal motivo de sua performance limitada. A verdade, como já falei no ano, é que Fernando Alonso é mais piloto que Felipe Massa. Puro e simples. O asturiano tem mais braço, na média geral. E o resultado foi um resultado na tabela muito melhor de Alonso. Talvez Massa tenha sofrido um pouco mais devido aos problemas com os pneus e à falta de sorte. Mas, mesmo sem isso, ainda acredito que ele teria terminado atrás do espanhol no fim do ano. E, provavelmente, Massa percebeu ao longo da temporada que não estava conseguindo acompanhar o rival. E, claro, isso atrapalha ainda mais.

2. O jogo de equipe da Ferrari (e a suposta falta dele na Red Bull)
Alguns andam colocando a Red Bull no altar pelo fato de ter privilegiado o esporte e não ter criado jogo de equipe. Ok, concordo que a equipe austríaca é incrivelmente mais ética que a Ferrari, que fez aquele papelão mencionado acima. Porém, ela também fez um jogo de equipe, muito menos acintoso, mas com bastante força psicológica. A equipe, desde o começo do ano, deixou clara sua predileção por Sebastian Vettel. Mark Webber sempre lutou contra muitos por lá para conseguir seu espaço. Não houve um jogo de equipe claro – Webber sempre teve as mesmas condições de Vettel. Mas, ainda assim, acho que ele foi prejudicado, no fim das contas.
Em 1987, Nelson Piquet teve que brigar na Williams para superar Nigel Mansell e toda a equipe, que preferia o Leão vencedor. Webber pode não ter passado pelo mesmo sufoco, mas certamente não era o preferido do time. E, agora, com Vettel convenientemente campeão, a Red Bull levanta a bandeira de esportividade. Menos, né?

3. Michael Schumacher, a decepção
De todas as expectativas que existiam antes da temporada 2010 começar, talvez a maior de todas fosse o retorno mais esperados dos últimos anos. Michael Schumacher, o gênio, de volta à F-1, pela equipe campeã, a Mercedes. Tinha tudo para ser incrível. Passada o ano, Schumacher não só decepcionou a todos os fãs como não conseguiu sequer um lugar no pódio. Pior, muito pior. Foi derrotado pelo companheiro de equipe na maioria das corridas. Seria o peso da idade, ou o multicampeão sentiu a diferença da tecnologia dos carros 4 anos depois de parar? Não sabemos ao certo. Mas, de qualquer forma, uma coisa ficou clara: Schumacher é supervalorizado. O alemão é um dos melhores pilotos que já existiu, mas foi campeão, na maioria das vezes, com um carro bastante superior aos demais. Demérito nisso? Claro que não. Ayrton Senna fez o mesmo. Desde 1991, quando correu ao lado de Nelson Piquet, Schumacher só teve companheiros de equipe medíocres – ou que corriam por contrato. Nico Rosberg não é o melhor piloto do grid, mas é muito bom. Há muitas especulações, mas o que fica é que, para Schumacher, dar uma de gênio pede também um bom carro.

4. Bruno Senna e as equipes nanicas
A Hispania é possivelmente um dos piores carros de F-1 já construído. Proporcionalmente, claro, é mais moderno e tecnológico. Mas seus resultados são sofríveis. Qualquer um que passe pelo cockpit desse carro terá seu currículo manchado. Qualquer um, menos Bruno Senna. A imprensa, como no ano passado, caiu matando em cima do sobrinho de Ayrton. Da mesma forma foi no ano retrasado, quando ele quase parou na Brawn.
Senna pode parar na Lotus. Mas a Lotus pode parar na Renault. E a Renault é uma equipe limitada hoje.

5. A nova Fórmula 1
A F-1 vai cada vez caminhando para o oriente, para terras até então inconcebíveis para se ter uma corrida de Fórmula 1. Coreia, Malásia, Turquia, Emirados Árabes Unidos...A lista não para de crescer. A F-1 está migrando para novos rumos. As pistas, erguidas em tempo recorde com bilhões de dólares, trazem todo o conceito de modernidade. Abu Dabi era um exemplo. Sair da pista não mudava em nada, afinal todas as áreas de escape eram de cimento. O mesmo não acontece em pistas mais tradicionais, onde a famosa caixa de brita impede qualquer carro de continuar na prova.
Nesse cenário, o alemão Herrmann Tilke é a nova vedete. Ele desenhou todas – todas – as pistas modernas da categoria. Coincidência ou não, a maioria delas não possui bons pontos de ultrapassagem. Quando será que Bernie Ecclestone vai mudar de engenheiro?

6. Expectativas para 2011
Parece que a temporada este ano passou mais rápida que as demais. No ano que vem, não há muitas novidades no grid, além da mudança de pneus de volta para a Pirelli. A maioria dos pilotos será a mesma. Nos últimos cinco anos, cinco campeões diferentes: Fernando Alonso (06), Kimi Raikkonen (07), Lewis Hamilton (08), Jenson Button (09) e Sebastian Vettel (10). Quem será o campeão de 2011? Eu acho difícil termos um novo nome.

E você?

Luís Joly acompanha F-1 desde quando era pequenino, e viu Ayrton Senna na Lotus preta. De lá pra cá, torceu pelo tri de Piquet, vibrou e chorou com Senna, odiou e protegeu Barrichello, quase morreu quando Massa perdeu na última curva e adora pastel de feira. Seu blog? http://jacksenna.blogspot.com/

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O prazer da simplicidade. Verdade óbvia?

Inicio minha reflexão sem contestar a qualidade de vida dos grandes centros urbanos, o desafio da competitividade, as inúmeras informações, o estresse gerado pela corrida diária e desenfreada a que a grande maioria de nós está exposta. Afirmar que os ideais de prazer estão sempre ligados a uma vida pacata e simples, no campo e perto da natureza, não faz parte da minha crença. Esses ideais estão ao meu alcance neste exato momento, basta tentar.


Nasci em São Paulo, sou paulistana da gema e, mais do que isso, vivo em um ritmo acelerado, em constante transformação e inovação por pura opção! Só estou aprendendo, e sem vergonha de fazer tal afirmação, a ter mais equilíbrio em tudo o que faço, gerando uma mudança comportamental importante em meu estilo de vida. Cada dia mais compartilho da opinião do filósofo grego Epicuro, que acreditava no prazer como estado de espírito baseado na harmonia e simplicidade.


São pequenas poções diárias de magia – como assim chamo - como sentar no terraço ao fim do dia, sentir a brisa fresca da noite batendo no rosto, olhando as estrelas (sim ainda consigo enxergá-las em diversas noites de São Paulo) e dar um imenso suspiro! Um pensar diferente de como o dia foi maravilhoso e o que parecia impossível não foi, porque sempre encontramos a melhor solução e quanto maior o desafio, maior a motivação.


Ou vivenciar, a partir dos diferentes sentidos, novas fontes de prazer. Lembro-me bem quando li “O Perfume”, de Patrick Süskind, na década de 80 e já reli outras vezes. A cada parágrafo do romance, respiro e sinto os diferentes odores, mergulhando – é claro – nos cheiros que mais me agradam.


Os aromas nos remetem a diversos momentos de nossas vidas: o verde com cheiro de mato da infância, férias, fazenda, plantações de eucaliptos. Ou uma degustação de vinhos na qual podemos desfrutar de uma explosão de sensações tão significativas. Amadeirado, frutal, canela, café, chocolate...Recentemente tive uma experiência inesquecível em uma vinícola. Durante uma hora percorri as videiras, entre muitas lembranças, culminando nas reuniões típicas de domingo, com as avós cozinhando e toda a família reunida. Puro prazer!


Mas reaprender a simplificar dá trabalho. E como dá! Colocar de lado uma série de atitudes que antes pareciam ter tanto valor e de fato não têm. Tudo o que gera sabedoria, e envolve processo de mudança, exige tempo e vontade. E quem vai querer esperar a vida passar distraidamente, desperdiçando oportunidades que poderiam gerar momentos tão prazerosos?


Termino, compartilhando algumas reflexões sobre a simplicidade que li nestes últimos tempos.


"No caráter, na conduta, no estilo, em todas as coisas, a simplicidade é a suprema virtude." (Henry Wadsworth Longfellow)

"A simplicidade não nasce espontaneamente, mas é alcançada através de um processo de desenvolvimento extenso e complicado." (Lohse)

“A simplicidade é o último degrau da sabedoria” (Khalil Gibran)


"Simplicidade, simplicidade, simplicidade! Tenha dois ou três afazeres e não cem ou mil; em vez de um milhão, conte meia dúzia... No meio desse mar agitado da vida civilizada há tantas nuvens, tempestades, areias movediças e mil e um itens a considerar, que o ser humano tem que se orientar - se ele não afundar e definitivamente acabar não fazendo sua parte - por uma técnica simples de previsão, além de ser um grande calculista para ter sucesso. Simplifique, simplifique." (Henry Thoreau)

"Simplicidade é a realização máxima." (Chopin)

Valéria Allegrini, diretora de Atendimento, em processo constante de mudança e descobrindo, a cada dia, o prazer da simplicidade.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Nas Asas do Medo

Desde que me entendo por gente sempre tive pavor de altura, o que muitas vezes me causou sérios problemas e constrangimentos. Não me sai da lembrança uma cena de infância: para agradar os amiguinhos da rua em que morava em Ribeirão Preto, decidi subir com meus companheiros de aventura no telhado do caramanchão* da casa onde vivia para fazer uma guerra de limões.

A batalha foi árdua. Não a dos limões - que me custou um nariz ensanguentado -, mas para me convencerem a descer de uma altura de não mais de três metros. Foi minha primeira experiência de pânico verdadeiro, aquela sensação de terror que petrifica. E assim eu fiquei em cima do caramanchão, palavra em desuso que já soava estranha naquela época e hoje me traz recordações constrangedoras. Não desci. Após inúmeras tentativas, fui “salva” por um vizinho que assumiu o papel de herói e me retirou em seus braços daquele lugar aterrorizante.

Naquele momento, prometi a mim mesma que jamais voltaria a ficar nas alturas. Por isso, nunca tive o sonho de qualquer menina dos anos 70 de ser aeromoça – sim, gente, estas profissionais ainda não era chamadas de comissárias, palavra que, por sinal, parece ter muito menos glamour.

Assim, meus sonhos profissionais sempre foram muito “pé no chão, falando literalmente. Optei pelo curso de Comunicação – Relações Públicas sem imaginar o quanto teria que desafiar com maestria o meu medo na minha rotina de trabalho.

Aliás, comecei a pensar neste tema em uma viagem recente. De avião, é claro. Até para que o pavor se diluísse durante aquelas duas horas de voo, comecei a relembrar e dar boas risadas de todas as aventuras e desventuras que passei desde que comecei a trabalhar na LVBA, há 20 anos.

São tantas histórias no ar que sinto até orgulho de nunca, jamais, ter perdido a classe e a compostura como fiz na época do caramanchão. Ao longo dos anos, passei por verdadeiros tratamentos de choque pelos céus desse mundo. No início de carreira, sempre fui escalada para cobrir eventos dentro e fora do país. E lá ia eu, orando – apesar de pouco crente –, para as mais diversas paradas.

A grande questão, em alguns momentos, não é voar, mas em que tipo de aeronave, se algumas podem ser chamadas assim. Conheço inúmeras e não há psicanalista que me convença de que meu medo não é real ao estar sentada numa micropoltrona de um Bandeirantes num dia de chuva, que mais sacudia do que voava. E a sensação – compartilhada por um grupo de jornalistas – não é melhor em um Brasília.

Mas a pior viagem da minha vida foi a bordo de um Fokker 50, rumo ao interior de Minas Gerais. O que seria um voo de duas horas transformou-se num inferno de quatro horas e meia. O pânico e o mal-estar não tomaram conta apenas de mim, mas de todo o grupo de executivos que eu acompanhava. Só que esta confissão foi feita apenas em solo, quando muitos precisaram de uma ajuda extra para se recompor, inclusive eu.

Esses “causos” aconteceram há uns quinze anos, pelo menos. E atualmente sou muito grata à evolução do mercado de aviação, principalmente no Brasil. Hoje, mesmo para os lugares mais longínquos, o máximo que terei que encarar é a nova geração de aviões turbo-hélices, que, segundo informações do setor, são extremamente seguros. Dados que não me tranquilizam totalmente ao passar por uma turbulência ou por problemas mecânicos.

Escrevo estas linhas já com as malas prontas para as próximas viagens profissionais e pessoais que acontecem até o fim do ano. Claro que o medo de altura e o desconforto com aviões persistem, sejam eles ultramodernos ou não. Também tenho certeza que é um problema que me acompanhará por toda a vida. No entanto, essas “andanças” pelos ares têm um sabor especial para mim: cada voo é um desafio bem-sucedido. Jamais deixei que o pânico de altura paralisasse minha vida e meu crescimento profissional, a exemplo do que ocorreu naquele dia em um caramanchão do interior de São Paulo.

Adriane Fregonesi Froldi é diretora de atendimento da LVBA e participa de vários programas de milhagem, apesar do medo de avião.

*Segundo o dicionário Michaelis, caramanchão é: “Construção ligeira, para que nela se enrosquem trepadeiras, nos jardins ou pomares ou obra exterior avançada. Variação: caramancheio, caramanchel e carramanchão”.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Uma vitória da comunicação de resultados

Na semana passada, durante o 8th Summit on Measurement  (encontro anual sobre mensuração de resultados) realizado pelo Institut for Public Relations (IPR, em português Instituto para as Relações Públicas) nos EUA, a Comissão de Mensuração e Avaliação da instituição adotou uma posição clara contra a adoção do AVE (ad value equivalency ou valor equivalente de anúncios, muito conhecido no Brasil como centimetragem) como forma de avaliar ações de RP.  O IPR é uma organização independente e sem fins lucrativos, cujo objetivo é aproximar os campos acadêmicos e profissionais, apoiando a pesquisa em Relações Públicas e disseminando esse conhecimento para o mercado. O relatório da comissão da IPR pode ser consultado no site do instituto (em inglês): www.instituteforpr.org.

Para nós, profissionais de comunicação empresarial que há anos trabalhamos pelo fortalecimento da atividade no país, é algo a ser comemorado e disseminado também por aqui. Há quase uma década a LVBA desenvolveu seu IDI®, metodologia para a gestão da comunicação e avaliação de resultados, justamente por perceber essa lacuna no mercado de comunicação empresarial e desde então vem trabalhando na disseminação dessas práticas e conceitos.

Foram necessários anos de debate e o trabalho de uma força-tarefa dedicada ao tema para, enfim, os especialistas norte-americanos chegarem ao consenso de que não há qualquer evidência técnica ou científica de que o espaço de matérias editorias, obtidas por meio de ações de RP e relacionamento com a imprensa, possa ser comparado ao custo equivalente para a contratação de anúncios.

Para Robert W. Grupp, presidente e CEO do IPR, “o uso do AVE desviou a indústria do desenvolvimento de metodologias mais válidas para a mensuração do impacto das Relações Públicas nas metas e objetivos de negócios”. Se é assim, porque seu uso é tão disseminado ainda, inclusive aqui no Brasil? A explicação pode estar no relativo baixo custo para o cálculo, tornando-o acessível. Mas isso não o torna válido.
 
Dr. Brad L. Rawlins, que coordenou a força-tarefa sobre o assunto na Comissão do IPR e também é catedrático do departamento de Comunicação da Brigham Young University, trouxe um argumento incontestável para a discussão: “O custo de anúncios não é uma métrica significativa. Os anunciantes não usam o custo de veiculação como um indicador de resultado de seus projetos. É um custo, uma despesa para alcançar um objetivo desejado, como aumento de vendas ou construção de marca. Então, não faz sentido que as Relações Públicas comparem seus resultados com uma despesa da publicidade. O espaço publicado não é o resultado final, é parte do processo para obter um resultado mais significativo, como por exemplo a proteção da reputação, o aumento do reconhecimento da marca ou de práticas empresariais socialmente responsáveis.” 

A posição adotada pela Comissão do IPR apoia e está alinhada com a Declaração de Barcelona, publicação relativamente nova de princípios e diretrizes para as práticas de mensuração e avaliação de resultados em Relações Públicas que foram discutidos em junho de 2010 e adotados pelos delegados presentes ao 2nd European Summit on Measurement (2º Encontro Europeu de Mensuração) organizado pela International Association for Measurement and Evaluation of Communication (AMEC – Associação Internacional em Mensuração e Avaliação de Resultados em Comunicação)  e o próprio IPR.

Acima de tudo, a Comissão do IPR recomenda a adoção de práticas em mensuração que demonstrem como as ações de relações públicas contribuem para os objetivos organizacionais. Mensurar a cobertura da mídia é válido, mas a Comissão sugere que seja focado no conteúdo transmitido para avaliar o impacto no público-alvo. Pontos para o IDI® e para a LVBA, que já adota essas diretrizes para seus clientes não apenas nas ações com a imprensa mas para todo o mix de comunicação, expandido agora também para o IDI® Engajamento, focado nas ações em mídias sociais. E para todos que trabalham sério, com ética e foco nos resultados para seus clientes.

Claudia d'Amato é Diretora de Atendimento da LVBA Comunicação.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

LVBA Mobile: Pioneirismo não é pra qualquer um


Uma verdade absoluta: O pioneirismo não é uma característica das mais comuns. Acho que não é preciso explicar, mas o fato é que não se pode inventar uma coisa duas vezes. Isso seria como dar um segundo primeiro passo, não é?

Às vezes, quando dizemos que algo é inovador, podemos contemplar diversos fatores. Mas quando afirmamos que algo é pioneiro, fazemos referência a uma única virtude: coragem. E foi justamente a coragem que permitiu que a LVBA Comunicação fizesse algo impensável (mas que, podem acreditar, em pouquíssimo tempo será também indispensável): a agência se tornou portátil.

Não. Não fiquei maluco...Vou explicar como cheguei a esta conclusão.

Há alguns meses, a LVBA e o Instituto Nokia de Tecnologia (INdT) vinham trabalhando em um projeto para o desenvolvimento de um aplicativo para smartphones que, a um só tempo, disponibilizasse uma série de conteúdos exclusivos aos públicos com quem conversa – clientes dos mais variados segmentos, imprensa, entidades de classe, profissionais de comunicação e por aí vai – e permitisse à agência participar de forma ainda mais próxima do cotidiano desses atores.

Impressionado, tentei um exercício de me colocar nos sapatos destes públicos. Quer dizer: É quase como ser o Comissário Gordon e ter um telefone direto para a batcaverna, não é? Mesmo entusiasmado, não esperava, o que viria a seguir.

Um fato que talvez escape aos que não me conhecem pessoalmente. Sou dotado de uma impressionante ausência de coordenação motora. Às vezes, tenho a impressão de que a simples ação de amarrar os cadarços poderá me causar uma fratura de grau 7 da escala Richter... Não é exagero e, na verdade, acredito até que este fato justifique o rubor, ou o que eu chamo de visível pavor, quando Flavio Valsani sugeriu que eu (o cara com duas mãos esquerdas) testasse o aplicativo mobile da LVBA.

Tentei avaliar as possibilidades e cheguei a duas hipóteses:

a-) O Flavio perdeu a cabeça;
b-) O Flavio perdeu totalmente a cabeça.

A ideia era partir para o teste do tipo Hands On, ou seja, eu passaria o dia com um smartphone Nokia que, além de todos os recursos ainda teria o LVBA Mobile.

Ultrapassando um nervosismo inicial (não sei se isso só acontece comigo, mas sempre fico com receio de telas touch. Sempre acho que vou quebrar a tela, ou algo assim) e depois de, claro, verificar se os jogos daquele aparelho eram interessantes, voltei aos sapatos dos clientes e a um questionamento:

– O que eu faria se um dos meus prestadores de serviço me oferecesse um ponto de contato exclusivo, como este?

Fui então passeando por cada uma das funcionalidades do LVBA Mobile. Verifiquei o “Banco de Fontes”, imaginando que talvez encontrasse ali algum outro cliente atendido pela agência com quem gostaria de trocar experiências. Em seguida, olhei o “Banco de Imagens”, que oferece downloads e a visualização de fotos em alta resolução, e acessei, logo depois, os canais de difusão da agência na web (facebook, linkedin, youtube e twitter – confesso que nesse me demorei um pouco mais, pois acabei entrando em um artigo retweetado pelo perfil da agência). Para finalizar, dei uma olhada no item “Últimas Notícias” e, percebi que estava exagerando, quando comecei a buscar ali notícias positivas que citassem o meu nome.

Confesso que quando devolvi o aparelho, me senti um pouco órfão.

Mas esta sensação ficou para trás quando percebi que aquela experiência inusitada era, na verdade, parte de uma coisa maior. Fazer parte de algo inovador é extremamente gratificante, mas integrar o time de uma agência pioneira é ainda mais. Podem acreditar.

(Além disso, em menos de duas semanas, poderei baixar o aplicativo via www.nokia.com.br/oviloja a qualquer hora e em qualquer lugar. Rá!)
Veja como usar o aplicativo da LVBA aqui.

Wagner Pinho é jornalista e sempre se impressiona com tecnologia. Deixou o aparelho cair uma única vez durante os testes, por sorte ninguém viu.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

VIVA CHILE, MIERDA!


Confesso que foi difícil começar... Comprometido a fazer este texto – e nada mais justo que seja escrito por mim –, ao mesmo tempo em que pareço uma criança sozinha numa loja de brinquedos, carrego a necessidade de relatar com excelência o que penso e sinto sobre o resgate dos meus compatriotas caçadores de cobre.

Quero falar sobre todas as minhas impressões, sobre cenas carregadas por simbolismos de linguagem universal, de rápida assimilação, e sobre outros que ainda se encontram enterrados nas entrelinhas dessa história.

Mensagens de amor à vida, de competência, liderança, patriotismo, resistência física, de luta pela sensatez e contra a fuga da fé (em Deus, em si mesmo e na humanidade). Tudo isso me enche o peito e me dá sensação de que facilmente eu poderia dividir este post em capítulos.

Pouco espaço para tanto, começo com um “VIVA CHILE, MIERDA!”, agora sem receio algum de parecer grosseiro ou flaite. Esbravejada pelo presidente Sebastián Piñera, ao fim do resgate “del capitán” Luis Urzúa – último a ser retirado da mina e o responsável, principalmente, pelo equilíbrio mental dos outros 32 mineiros sepultados vivos a 3.500 palmos abaixo da terra –, a frase nunca me pareceu tão bem colocada.

Agora sei que das vezes que pensei em vociferar algo do tipo, coibiu-me a falta de emoção, a inexistência de um razão visceral.

Quais dos meus objetivos, se alcançados, arrancariam da minha garganta um “VIVA LA VIDA, MIERDA!” pra quem quisesse ouvir? Há de se ter um momento assim, de tamanha grandeza e heroísmo, na vida de todos.

Nem vou discursar muito sobre a capacidade estrutural que o Chile tem para enfrentar suas desavenças com a Terra. Primeiro os terremotos (1960 e 2010), agora os mineiros, fora os vulcões e elevações do mar. Se Deus esqueceu de abençoar aquele país, não deixou de abastecer o espírito daquele povo com bravura e amor à pátria.

E foi o patriotismo chileno, escancarado ao mundo, o responsável por quase desencadear em mim a Síndrome de Tourette.

Eu queria estar lá, junto com aquela gente, gritando o famoso “SEACHE-I ELE-E!” Agora, mais do que nunca, quero mergulhar nesse sentimento como filho adotivo do Brasil. Dado à luz chilena, trago em mim o gene do patriotismo, que me implora para cantar, em uníssono com este povo, que eu também “Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”. Sei que esse dia chegará e não será em 2014, precisa ser antes ou depois. E teremos que fazer disso um espetáculo, para que todos nos ouçam, com câmeras em todos os lugares, transmitindo nossas cores ao mundo, num reality show verídico e grandioso...

Um pouco antes do último socorrista embarcar na cápsula de resgate, percebi que o melhor da vida é quando ela se mescla à arte, sem imitá-la. Sozinho naquele cenário, pegou algumas roupas, olhou para a câmera e, inclinando seu tronco em reverência ao mundo, quase consegui ouvi-lo dizer “Por si no nos vemos luego, bueno días, buenas tardes y buenas noches!”... Depois disso, ele partiu, sem apagar as luzes.

Javier Fierro é chileno.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Vamos para um bom boteco tomar uma cerveja e bater um papo?

Logo cedo, você acorda e liga a tevê para saber os últimos acontecimentos. Após assistir às chamadas do telejornal, pega alguns dos jornais, como o Estadão, a Folha, o Valor ou, mais recentemente, o Brasil Econômico para olhar as manchetes e as principais notícias publicadas. Não satisfeito, liga o computador e checa o que os principais sites de notícias postaram. Essa é a rotina de boa parte das pessoas que trabalham com Comunicação e que têm o fascínio de estarem sintonizadas – ou pelo menos tentarem - com o que anda acontecendo no mundo.

Mas essa rotina anda um pouco diferente atualmente com o nascimento das redes sociais. Nos últimos tempos, novos meios de Comunicação surgiram e, com eles, novas maneiras de as pessoas se comunicarem. Orkut, Twitter, Facebook, LinkedIn e Flickr já fazem parte do nosso dia a dia. Até aqui, nenhuma novidade.

A novidade está que dias atrás fui visitar a minha afilhada e fui surpreendida com duas indagações: “madinha, deixa eu te mostrar onde você acessa as músicas aqui no celular da minha mãe? Olha que legal, eu adoro essa música”, comentou. Logo em seguida me disse: “chegamos do Chile e tenho muita história para te contar. Você já viu as minhas fotos no Chile no Facebook da mamãe?”.

Como assim, quatro anos e já mexe no celular como se fosse uma especialista da área? E fala com uma certa naturalidade do Facebook? Pode parecer que estou meio atrasada com essa evolução dos meios de Comunicação que surgiram. Ainda sou do tempo – não muito longínquo – que se usava a máquina de escrever Olivetti para escrever os textos e ainda me lembro bem das histórias que contavam no curso do Estadão de como os jornalistas enviavam as matérias para a gráfica: por meio de um cano que ligava a redação à área de produção, onde letra por letra era digitada no linotipo.

Fiquei bem surpresa e um pouco preocupada com esse novo mundo moderno (ou pós-moderno) que minha afilhada vive e me pergunto: para onde essa nova geração caminha? Qual será a nova revolução nas redes sociais que vai dominar o mundo e as pessoas? Quem será o próximo gênio do mundo virtual? Enquanto não tenho essas respostas, o novo mundo virtual não surge e a cada dia novos aplicativos aparecem - e confesso que, mesmo com a minha velha Olivetti, me apaixono por essas inovações -, que tal irmos para um bom boteco, tomar uma cerveja e papear como nos velhos e bons tempos do face a face?

Cristiane Pinheiro é jornalista, mas se apaixonou pelas demais ferramentas da Comunicação e pelas Relações Públicas. Depois que entrou na LVBA ampliou, em muito, os horizontes profissional e pessoal. É amante da vida, da música, do bom relacionamento e apaixonada pela Eduarda. Primeira afilhada que, muito antes do que se imaginava, com quatro anos já está inserida no mundo das redes sociais e com sua determinação tem ensinado muitas coisas para sua madinha.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O que o centro de São Paulo tem de bom?


Já dizia a música São Paulo, São Paulo, que é “sempre lindo andar na cidade de São Paulo” e posso confirmar. Amante das artes e da cultura, vivo fazendo passeios incríveis pela cidade. Adoro o centro e sua bela arquitetura e acho que ele não deixa nada a desejar para outros lugares do mundo. Pena estar tão descuidado.

Passei a notar mais as belezas do centro por meio das pinturas de um artista plástico e amigo, Vincenzo Scarpellini, que conseguia ilustrar em suas telas o lado bonito da tão degradada região. Ele tinha outra visão da cidade, um olhar estrangeiro e apaixonado.


Envolvida em muita história, a região central de São Paulo abriga admiráveis prédios antigos, importantes museus, teatros, parques, praças, cinemas e diversos roteiros culturais e gastronômicos. Ou seja, possui muitas opções de lazer e entretenimento para qualquer gosto ou idade.


Para enxergar tudo isso, é preciso, no entanto, olhar com atenção e apreciar. E foi isso que passei a fazer a partir dos lindos traços em giz de cera de Scarpellini. Consegui também escolher meus lugares preferidos na região central: o Museu da Língua Portuguesa, o Centro Cultural Banco do Brasil, o Parque Trianon, o Cine Belas Artes, o teatro do Sesc Consolação e a Praça Roosevelt. É claro que tem ainda muita coisa de gosto bastante, mas não caberia aqui.

Curiosa e antenada que sou, vivo à procura de coisas interessantes para fazer. E é no centro que encontro boa parte delas. Há sempre uma programação bacana por lá, muitas vezes de graça e não só aos finais de semana. Isso me ajuda também a dar dicas de lugares legais para conhecer.

Uma sugestão de passeio pelo centro pode começar pelo Museu da Língua Portuguesa, uma boa parada para quem gosta de arte. Lá, há vários ambientes, que te proporcionam uma viagem através das palavras, como a Praça da Língua, Linha do Tempo, Mapa dos Falares, Palavras Cruzadas e Beco das Palavras. Outro destaque é um telão de 106 metros de comprimento que, como num túnel, corta o edifício de uma ponta a outra e na parede, que parece não ter fim, onde são projetados 11 filmes simultaneamente.

Sempre com exposição itinerante e programação fixa, o museu é um lugar fantástico, que merece uma visita com tempo e calma. A mostra da vez é sobre o poeta português Fernando Pessoa. Já tive boas recomendações e estou bastante ansiosa para passar algumas horas do meu dia viajando pela história e belas poesias de Pessoa.


A parada para almoço pode ser no bar Salve Jorge, pertinho do prédio da BMF, que, aos sábados, serve uma deliciosa feijoada, com diretinho a chorinho.


A sugestão para depois do delicioso rango e da boa música, é mais música, na Praça Dom José Gaspar. Outro dia assisti lá a uma encantadora apresentação musical. Um piano, no meio da praça, recebe todos os sábados novos talentos. O projeto, gratuito, é uma ótima oportunidade para apreciar música de qualidade, ao ar livre, num lindo cartão postal da cidade. Vale depois dar uma passadinha na Biblioteca Mario de Andrade, que passou por uma reforma e fica à frente da praça.


E para fechar o passeio, nada melhor do que teatro, seguido é claro, da famosa cervejinha. A dica é dar uma chegada à Praça Roosevelt ou ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), que sempre têm ótimas opções e, o melhor, com bons preços. Reduto de talentosos artistas, a Praça Roosevelt tem ainda bares agradáveis, que rendem um bom papo regado a gostosos petiscos e cervejinha gelada.


No entanto, para o roteiro ficar completo e vermos a cidade de São Paulo ainda mais bonita, fica aqui um apelo para que o projeto de revitalização do centro saia do papel. E este é um trabalho que todos nós, que amamos nossa cidade, podemos fazer e cabe bem no período eleitoral.


Porque, com tantas atrações interessantes, melhor seria poder andar sem medo pela região sem medo e aproveitar tranquilamente todas as opções que a região central da cidade oferece. #ficaadica

Lilian Ambar é apaixonada pela cidade onde vive, apesar dos diversos problemas. Jornalista e executiva de atendimento da LVBA, adora particularmente o centro de São Paulo e a Vila Madalena. Escolheu neste post falar sobre a região central por descobrir a cada dia mais opções de arte, cultura e lazer por lá. Seu encantamento com o centro ficou mais forte a partir das telas do amigo Vincenzo Scarpellini, que partiu cedo, mas deixou um belo legado e recebe aqui uma homenagem. A foto acima é um registro de um desses passeios pelo centro que tanto gosta de fazer.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Eu, tu e eles

“Oi, prazer, meu nome é Alexandro”: frase acompanhada por um sentimento de freezer na barriga e aquecedor no rosto. Isso sempre acontece no primeiro dia de aula, na apresentação para a família da namorada e, meu Deus (!), início em um novo emprego. Para não fugir da rotina, minhas primeiras horas na LVBA foram assim com aquele tradicional passeio de apresentação, que, coordenado pelo novo chefe, parece que o tamanho da empresa e a quantidade das pessoas se duplicam e pra você, o relógio não anda.

No entanto, desta vez, terei duas situações de “vergonha” (sei muito bem disso), porque já entrei com as horas contadas para minha saída já que fui contratado para um serviço temporário. Apesar de ser interessante, desafiador e, pelo pouco tempo que deverei ficar, bastante motivador, esse tipo de contratação, às vezes ou quase sempre, é frustrante, porque você fica com medo - palavra forte(!) – e apreensivo em fazer amizades ou ter alguma intimidade com os colegas. E sabe por que, querido cérebro e espírito? Porque é complicado mostrar quem você é de verdade e o que possa fazer em tão pouco tempo de estadia profissional.

Esse sentimento me faz recordar o personagem McMurphy (Um Estranho no Ninho) que se finge de louco para sair do presídio e ficar com os loucos, modificando sua pena. Opa! Só que o louco nesta história real é quem vos escreve. Isso porque você acaba se sentindo preso por saber da rotatividade dos ponteiros e dos dias que estão reduzindo. Quando a súbita agonia vem à cabeça, as palavras do poeta Carlos Drummond de Andrade martelam mais forte: “Quem me acode à cabeça e ao coração; neste fim de ano, entre alegria e dor?”.

Na realidade, cada vez mais a nossa profissão nos ensina a ter menos apego a esses “bens materiais” e saber que o mercado da comunicação é rotativo e com prazo curto. Por outro lado, minha mãe me ensinou que o bom profissional, independentemente sobre o que ele atue, é aquele que sabe manter a sua rede de novas e eternas amizades. Bem, estamos em setembro e o que sei é que o meu próximo trabalho será no novíssimo continente. Com o quê? Só Deus sabe!

Agora, deixemos os devaneios e bordões de lado, para entender - de fato - que a nossa vida é assim: entramos e saímos em todo momento e de todos os lugares, e conhecemos diversas pessoas (continuo a divagar). Mas, que todas elas – experiências e/ou pessoas – deixam alguma lembrança ou aprendizado bom.
Putz, qual será a minha frase de despedida? Lá vem mais um momento de vergonha...

Alexandro Cruz é palmeirense fanático, pai de duas belas filhas e, claro, jornalista com atuações em redação, assessoria de imprensa e rádio.  Além de trabalhar como comunicólogo, tem a mania de promover festas (outra paixão) como DJ no seu projeto paulista Cubo Mágico (80s) com mais dois amigos “discotecários”. Atualmente prepara sua mudança para a Austrália, onde ficará por sete meses morando, estudando, trabalhando e muitos outros “andos” que virão pela frente.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Um dia de fúria

Sexta-feira, dia 3 de setembro, véspera de final de semana prolongado por conta de um feriado na terça-feira, 16 horas. Estou saindo de uma reunião num hotel na região da Av. Paulista, em São Paulo. Pago o estacionamento, pego o ticket e, enquanto aguardo a chegada do carro, graças ao meu Nokia N97, leio meus e-mails, faço duas ligações e troco SMSs com uma cliente que saiu da mesma reunião que eu e estava a caminho do Aeroporto de Congonhas. Tantas atividades não permitiram que eu percebesse que acabaram se passando vinte minutos e nada do meu carro chegar. Perguntei à recepcionista do estacionamento o que estava acontecendo e ela respondeu de forma bem assertiva “já pedi o carro. Não posso fazer mais nada”. Tentei dialogar, comentando que eu já estava esperando pelo carro há mais de vinte minutos e ela, então, esclareceu “Honda fica no último andar”. Fiz cara de concordância e pensei “ah, tá!!!”.

Voltei ao meu escritório virtual. Mais e-mails e duas ligações. Chegamos aos trinta minutos e nada do carro. Até que vi um Honda Fit sendo entregue a uma pessoa que chegou bem depois de mim. Me virei à nada atenciosa recepcionista e disse “e agora? A dona desse Honda chegou bem depois de mim?”. E, novamente, a resposta “já pedi o carro. Não posso fazer nada”. Comecei a pensar no que fazer. A administradora do estacionamento não era nenhuma grande rede. No balcão de atendimento e no ticket não havia o telefone da empresa caso eu quisesse entrar em contato. Imaginei que se eu pedisse o telefone para a amiga recepcionista, encontraria do outro lado da linha outra simpática atendente que diria “eu não posso fazer nada”. Talvez esse fosse o slogan da empresa.

Ir à gerência do hotel e reclamar? A chance de escutar que o serviço era terceirizado e eles não poderiam fazer nada era bem grande. Enquanto analisava o que eu poderia fazer, recebo um SMS da cliente avisando que já estava em Congonhas. Véspera de feriado, a certeza de um enorme congestionamento e ela já estava em Congonhas enquanto eu permanecia estacionada aguardando meu carro! Foi a gota d’água.

Um homem se aproxima do balcão e pergunta se é lá que ele pede o carro. Antes que a solícita recepcionista se manifestasse, peguei o ticket das mãos do homem e respondi que era lá sim. Mas que eu pediria que ele fosse solidário à mim. Contei que eu estava aguardando o carro há mais de quarenta minutos e que eu precisava que houvesse uma mobilização geral de todos os manobristas na busca pelo meu carro. Assim, pediria que ele deixasse o ticket comigo por, no máximo, cinco minutos. Era esse o tempo que eles teriam para trazer o meu carro e, passado este tempo eu ligaria para a polícia dizendo que meu carro tinha sido roubado e que a recepcionista era a chefe da quadrilha.

O homem, de pronto, aceitou. Assim como a mulher que estava atrás dele. A recepcionista começou a chorar “eu não tenho nada a ver com isso. Já pedi o carro!”. Respondi à ela que as lágrimas não estavam me emocionando e que se alguém poderia fazer alguma coisa, esse alguém era ela. E foi chegando mais gente para retirar o carro e a todos eu pedia a compreensão, contava a história toda, apresentava a chefe da quadrilha e segurava o ticket. Para não prejudicar ninguém, numerei os tickets pela ordem de chegada. Passados três minutos e já segurando sete tickets, vejo meu carro dirigido por um funcionário com uniforme de cor diferente. Provavelmente, um supervisor do local.

Agradeci a todos que foram solidários. Chamo o tal supervisor e entrego os tickets para que fossem processados seguindo a ordem de chegada. E que nenhum carro demorasse mais que cinco minutos pois todos foram testemunhas de que, quando eles querem, em três minutos o carro aparece.

Moral da história? Vejo pelo menos três (e aceito mais versões nos comentários aqui do blog). Primeira: como é difícil lidar com pessoas despreparadas para lidar com o público. Segunda: impressionante como é o personagem de Michel Douglas, em “Um dia de fúria” é um pouco o alterego de qualquer cidadão de uma grande metrópole. E, por último, em tempos de redes sociais, as palavras de ordem são engajamento e mobilização. E vale tanto para o mundo virtual como para o mundo real. Minha avó já dizia “uma andorinha não faz verão”.

Gisele Lorenzetti, diretora executiva da LVBA, paulistana que às vezes questiona “num to intendênnndo o qui tá acontecênnndo” , adora cinema e já assistiu “Um dia de fúria” uma dezena de vezes e sempre se pergunta se o filme é ficção ou documentário.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Pelo direito de ser vários em um só

 “Jornalistas trabalham para que as perguntas que todo cidadão tem o direito de fazer sejam respondidas, enquanto assessores trabalham para que as mensagens que seus empregadores ou clientes gostariam de difundir sejam divulgadas”.
Eugênio Bucci

Desde que sopraram (mais de uma vez) aos meus ouvidos que eu devia investir na Comunicação como profissão, eu instantaneamente me imaginei jornalista. Cresci ouvindo da família, amigos e professores que as minhas redações, cartas e dissertações em provas eram bastante espirituosas e envolventes. Sempre disseram que eu sabia escrever. Ok. Só isso não bastaria para me fazer jornalista, mas é fato que a minha personalidade curiosa e inquieta, somadas justamente ao meu temor pelas escolhas – estas que exigem sempre que se abra mão de outras tantas coisas, caminhos e, por que não novamente, escolhas – acabou me fazendo enxergar que era o melhor dos mundos.

Escolher o Jornalismo, dentro da Comunicação Social, foi sim menos sofrido quando percebi que nesta profissão eu teria contato com todo tipo de informação, que eu poderia vivenciar diferentes experiências, falar, pensar e escrever sobre qualquer assunto, inclusive sobre qualquer outra profissão que eu deixei de escolher. Era o melhor dos mundos: poder viver um pouco de cada coisa, a cada dia, sem achar que pudesse estar perdendo ou deixando de ser ou fazer algo interessante também. Nesse raciocínio particular que eu sempre me percebi totalmente, compreendo e reconheço minha essência: ser e viver muitas em uma só.

De fato essa “definição” veio novamente à tona após a leitura do ótimo artigo do Eugênio Bucci que saiu hoje no Estadão, no qual provoca – com ótimos argumentos – as indefinições e confusões sobre as reais funções de um jornalista e de um assessor de imprensa. E, claro, não pude evitar a pergunta título do artigo: Assessor de imprensa é jornalista?. Ouso responder que sou uma jornalista que no momento está assessora de imprensa. Concordo que há uma série de definições equivocadas que histórica e culturalmente o Brasil carrega há anos, mas ainda assim defendo a possibilidade de que um jornalista pode ser também assessor, assim como um assessor pode ser também jornalista.

Conforme aprendi com o próprio Bucci por meio de aulas e mais aulas de Ética na faculdade, regadas com textos e mais textos de sua autoria, uma vez que se conhece exatamente suas funções, seus direitos e deveres, seja como assessor ou jornalista, é possível sim desempenhar ambas funções com integridade e sem desvios ou incoerências éticas.  Em tempo, acrescento: por sempre acreditar na minha essência e por não saber ser uma só – onde cabem tantas, eu fico com a opinião de que vale conhecer e respeitar os limites que nos posicionam numa ou noutra função. Sou comunicadora, sou jornalista e também assessora de imprensa. Definidas as regras, “let’s play it by the book”.

Melissa Rossi é jornalista, que migrou da redação para o “outro lado do balcão”. Como assessora continua provocando seu olhar mais jornalístico e está sempre disposta a ouvir diferentes versões de uma mesma história. Pelo menos é assim, com multifaces, que ela pretende escrever a sua própria.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

The talk of the town

Vocês se lembram de O que será, que será, de Chico Buarque?

Pois é... Vivemos um tempo em que isto acaba por ser uma verdade indiscutível – embora sem tanta poesia, infelizmente. A palavra de ordem é gerar comments, trends, retwitar, transformar qualquer assunto no talk of the town.

É assim? De fato, é, mas em termos. De nada adianta gerar barulho, interesse, buscar seguidores, se não existe um planejamento por trás disso tudo – como também certas ações não necessitam atingir milhares de pessoas, mas aquelas 150 que fazem a diferença.

O que eu quero dizer, é que vivemos em tempos de PR Mobility©, da ação voltada para o indivíduo – mais, para um novo indivíduo. Este indivíduo deixou de ser o representante de um público estático – se é que alguma vez o tenha sido – para ser um target móvel. Ele não é mais leitor, somente. É gerador de conteúdo, compartilha informações, necessidades; ouve e é ouvido.

A meu ver, a maior contribuição da WEB tem sido a questão da interatividade, a possibilidade de estreitar relações e transformá-las em processos muito mais ricos do que nas ações tradicionais, apesar, claro, dos problemas, dos abusos, dos desastres...

É nossa função, portanto, mudar nossos conceitos. O timing das ações mudou, as estratégias mudaram. Há inúmeras novas ferramentas a considerar e igual profusão de alternativas para monitorar e aprofundar nosso conhecimento a respeito delas. 

Isso é PR Mobility©, esse dinamismo, essa busca por alternativas criativas, a experimentação consciente, sempre fundamentadas tecnicamente, planejadas e avaliadas.

Quem viver, verá...

Flavio Valsani é Diretor Executivo da LVBA, fã de Milton e Chico e aposta em PR Mobility.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Reciclagem só com todos

Quando avaliamos nosso passado fica clara a evolução em questão de cidadania. Mesmo que muitos ainda ignorem a discussão de até onde vai o papel de cada um na preservação do meio ambiente e, consequentemente, da própria raça humana, essas reflexões existem. E tem muita gente preocupada em apoiá-las e em fazer parte de iniciativas mais sustentáveis para todos.

O grande gargalo é, sem dúvida, o de mudança de comportamento. Até onde vai a minha responsabilidade em reciclar ou não o lixo residencial? E se não tenho infraestrutura para reciclar, sinto-me isento de obrigações? No meu trabalho não reciclam, então não penso sobre isso? As perguntas são para reflexões mesmo. Ninguém resolverá sozinho uma questão global. Países desenvolvidos e em desenvolvimento seguem sendo os vilões da emissão de carbono.

Se não estamos numa situação de completa desinformação e/ou à margem da sociedade, não é possível deletar a responsabilidade de reduzir a geração de lixo, reutilizar tudo que for possível e ainda contribuir para a reciclagem de produtos.  São gestos pequenos mesmo que vão fazendo de todo esse processo uma realidade. É bem a história do beija-flor, que levava gotas de água para apagar um incêndio na floresta e outros animais só entenderam depois que juntos podiam conseguir evitar a tragédia.

Fábulas à parte, temos que pensar o que nos cabe, seja em casa, no trabalho ou na rua. Na LVBA Comunicação, pensamos na formulação de um programa de reciclagem mais estruturado e que passou a funcionar nesta quinta, dia 19 de agosto. Demos mais um passo no dever de sermos mais responsáveis. E muito ainda pode ser feito, avaliado e estimulado de forma pública, para que mais e mais pessoas também despertem para o papel que podem cumprir dentro da preservação do meio, que hoje é nosso, mas será dos nossos filhos e netos em breve.

Não podemos ignorar o erro de se jogar mais uma bituca na rua, de não recolher o papel que deixou cair e a sujeira que o seu cachorro tão fofinho fez na rua. Só para exemplificar: a humanidade levou menos de nove meses para esgotar seu orçamento ecológico deste ano, segundo dados da Global Footprint Network, uma organização de pesquisa ambiental com sede na Califórnia.

A natureza pode se vingar.


Ada Mendes é jornalista, especializada em Economia e com mestrado em Comunicação Empresarial. O novo desafio será ser mãe de gêmeos, previstos para verem a luz do mundo (um mundo melhor de preferência) em dezembro.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Pior que “tá”....

Ia fazer um texto sobre política. Ia fazer apologia ao horário político (por incrível que pareça, gosto e assisto!), acredite se puder e quiser. Quando fiquei sabendo que proibiram fazer uso do humor para falar sobre política, políticos, partidos, etc., parei. Parei e pensei: o que eles fazem conosco é o quê!? Não é uma palhaçada? Teríamos então que proibir os políticos de exerceram suas funções?

Depois de refletir mais um pouco, cheguei à conclusão de que não daria para continuar com meu raciocínio: chamar o que os nossos ilustres governantes fazem de palhaçada, já que não dá para comparar o que os palhaços fazem com o que eles fazem. Então, fui buscar outro termo para continuar a escrever este texto. E achei! “Boçal”. É isso! Neste caso, boçalidade. Boçalidade com o povo pode! É liberada!

Proibir o uso do humor se deve a quê? Ao medo de o povo se lembrar de coisas que deveriam ter acontecido e não aconteceram? Pior, de reavivarem aquilo que não deveria ter acontecido e aconteceu? Aliás, ultimamente só coisas que não deveriam acontecer acontecem. E esta lei é uma delas. Não posso ver programas como CQC, por exemplo, usarem do humor para falarem com nossos futuros governantes de forma inteligente, produtiva e leve (convenhamos, falar de política não é nada leve nem fácil), mas poderei assistir propaganda de candidato que diz “Vote Tiririca. Pior que tá não fica”? O senhor meu marido sempre diz: “o pior não tem limites”. Além de ter este slogan, o cara sai por aí dizendo que quer ajudar a população carente, inclusive a família dele... Veja: o pior não tem mesmo limites.

Exigir das TVs, por exemplo, o tratamento igualitário para todos os candidatos me dá o direito de exigir que eu tenha este mesmo tipo de tratamento. Se não podemos brincar com eles, que eles não zombem de nossas caras. Isso é CENSURA, é manipulação. Isso porque as emissoras de TV e rádio são concessões políticas. Que sujo.... Mais sujo ainda se pensarmos que vivemos em um país D-E-M-O-C-R-Á-T-I-C-O.

Parei com a política. Pronto. Na minha casa, de hoje em diante, tem uma lei que proíbe o tema política.

Daniela Mesquita, explicação censurada.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

“A felicidade só é real quando compartilhada”

A frase que dá título ao texto aparece no desenvolvimento do filme “Na Natureza Selvagem”, de Sean Penn. Me vejo “obrigada” a começar desta maneira, um tanto quanto burocrática, pela necessidade ética, e também legal de citar a origem intelectual do tema que resumiu em uma única frase e trouxe ao meu consciente um fato que já era claro em minha essência, lugar do nosso íntimo onde, raríssimas exceções, o total acesso e conhecimento são reservados ao inconsciente.

Alguém achou graça na última frase do parágrafo acima? Pois é, eu também não! Na verdade a palavra “graça” só caberia de forma irônica, algo como: “Engraçada a última frase do parágrafo acima, não?”. A ironia aqui, pelo menos ao meu modo de ver, se dá na constatação de não termos a capacidade de vislumbrar, com clareza, o que é parte de nós ao mesmo tempo em que nos permitimos apontar, e julgar de maneira leviana, aquele que se põe a nossa frente.

Mas e o filme, quando voltará a falar dele? Naturalmente imagino alguém se questionando. Se a resposta - “Não voltarei a tratar do filme” – é lida com frustração e te faz desistir do restante do texto, sinto muito. Desculpe, mas não estou aqui para fornecer uma simples sinopse, crítica ou análise lírica da fita. A frase/título do texto é um convite aberto para que assistam ao filme e percorram, a partir daí, seu próprio caminho.

Nossa, reli o texto até aqui e me parece que ainda estou muito distante de chegar onde quero. Mas paciência. A simples frase que serve de coroa a esta dissertação é carregada de uma complexidade que varreu de mim a displicência com minha própria pessoa.

Tenho para mim que o ser humano é egoísta por necessidade. O problema, no meu entendimento do cotidiano universal, é que suprimos essa necessidade de maneira a contemplar somente o mundo exterior da nossa existência. Sendo que esse “instinto” egoísta que nos foi dado tem como serventia mais nobre nos proporcionar o isolamento total do que esta ao redor, permitindo que tenhamos contato com o que nos permeia intimamente: a essência.

Não vou dizer com convicção que adentrei minha essência, longe de mim me equiparar a Jesus e Buda em sua pureza e grandeza como disseminadores da compaixão e do amor. Mas recolhendo-me ao total isolamento do mundo exterior foi fácil sentir a imensa beleza do amor que esta dentro de mim. Não é preciso ir fundo e, tão pouco, se concentrar demasiadamente para encantar-se com o amor que inunda o nosso íntimo.

Como disse, não cheguei nem perto de adentrar minha essência, mas fato é que o amor faz parte dela com tanta intensidade que transborda deste nosso núcleo e se faz perceber com o mínimo de esforço, basta suprirmos de maneira interna essa nossa necessidade do egoísmo.

Tendo encontrado, para mim, o verdadeiro sentido do egoísmo, o fardo diário de viver a vida se tornou mais leve e belo. Buscando o recolhimento no interior do próprio ser enxerguei que o meu amor será o seu. Tendo consciência da magnitude do amor acerca da minha essência posso refleti-lo sobre o mundo. E o que é a felicidade se não a consciência plena do amor dentro nós?

Refletir sobre o próximo o seu verdadeiro amor é dar a ele a sua real felicidade, é deixar transparecer a essência do ser. Qual o sentido de um sorriso que não é compartilhado? Se a luz do seu sorriso não refletir sobre alguém ele não foi real, pois não causou qualquer transformação. É disso que se trata o tema.

Certa vez uma pessoa muito especial me disse que a vida é como uma chama, ao que respondi que sem amor seria uma chama sem luz. Daí a constatação de que “A felicidade só é real quando compartilhada”. Afinal, qual o sentido de uma chama que não ilumina? Compartilhe e acenda. Ou seria ascenda? Aqui cabem os dois.

Priscila Cunha está há 24 dias na LVBA como Assistente de Atendimento. É apaixonada por pessoas e acredita que um olhar ou um soriso pode mudar o dia. Sente prazer em discutir sobre a essência, os valores, a ética e a moral dos seres humanos. Seu trabalho voluntário como palhaça da UPI (Unidade de Palhaçada Intensiva) contribui para enxergar a vida de outras formas e descobrir que não há nada mais gostoso do que dividir alegrias!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Animadulto em formação

Na semana em que o Anima Mundi 2010 entra em cartaz na cidade de São Paulo, não pude deixar de lado a sensação de “esqueci alguma coisa escondida em algum lugar, lá atrás no passado”. Ao testemunhar a festa de abertura da 18ª edição do Festival, que aconteceu na última terça-feira no Memorial da América Latina, percebi o quanto eu sinto falta de fazer coisas, realizar projetos, ver Melissa em ação. E, por uma questão de afinidade, atração e destino (talvez?) eu sempre me provoco, questionando a mim mesma sobre o tanto que a arte (leia-se música, literatura, cinema, teatro e afins...) se faz essencial na minha vida e o pouco que eu realmente me coloco como agente dela, não apenas como mera espectadora.

Celebrar os 18 anos de um festival que começou pequeno, mas com um potencial gigante, me fez lembrar os meus próprios 18, 19 anos onde eu me enxerguei mais produtiva, no auge da vontade, da criatividade e da ação de “botar a mão na massa” e fazer “arte”. Era ali, naqueles anos, que eu cantava mais, tocava mais, escrevia mais, lia mais, ouvia mais, assistia a mais filmes e a shows de música... Claro que adentrei os vinte anos com toda essa bagagem estimulada por uma vibração multiplicada na certeza de que isso nunca sairia de mim.  De fato não saiu. Isso tudo existe aqui sim. Mas confesso que doeu perceber que muito disso se acomodou num canto qualquer da mente – outrora produtiva e agora, adormecida.

Mas foi assim, nessa sessão especial de curtas de animação, me soando como um gongo aos ouvidos, que levei uma chacoalhada, embalada pela emoção e o prazer de descobrir de novo um mundo de possibilidades criativas e animadas. Um contar histórias por meio das mais diferentes técnicas de expressão audiovisual que me tirou da inércia. E quer saber? Tudo isso está e não há de se esgotar em algum lugar dentro de todos nós quando se tem emoção... Imaginação... Animaginação (?)...

Admirada pelas possibilidades vistas e experimentadas por artistas talentosos e geniais, senti-me alimentada de vontade para voltar a realizar, produzir... agir. Na data em que um festival celebra sua “maturidade”, eu fui me reconhecer adulta justamente na experiência de voltar a ser criança. Ou ainda: saber-se criança para que eu nunca me esqueça de olhar (e por que não fazer também?) um mundo com os mais diferentes olhares possíveis, seja aos 5, aos 13, aos 18, ou aos 29... Basta inspiração!

Melissa Rossi é jornalista e uma entusiasta da criação. Inquieta, não sabe ficar parada e muito menos imune às coisas e/ou pessoas que lhe são apresentadas. Movida à emoção, não consegue evitar reações a obras audiovisuais e qualquer outro produto de cultura. Tem o maior orgulho de seu projeto experimental de rádiodocumentário apresentado em novembro de 2004 na Universidade Anhembi Morumbi e morre de saudade daquela universitária cheia de sonhos, vontades e querências. Como executiva de atendimento na LVBA, hoje ela sonha acordada em busca de reviver (e colocar) um pouco daquela na sua rotina.