terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Déjà vu

Chegamos àquela época do ano em que a mídia se divide para escolher uma entre duas alternativas: Retrospectiva ou Previsão.

O interessante é que este dilema não é exclusivo da mídia geral. Atinge-nos a todos, em todas as áreas, da política à economia, do noticiário internacional à moda, da indústria ao esporte – é; com o final de campeonato, as férias dos jogadores, teremos uma permanente mesa-redonda sobre este 2009 de tantas lembranças.

Não que seja contra, pode ser até divertido rememorar certos fatos, certas declarações, certas promessas que, entre outras tantas, vieram a ser desmentidas ao longo de 2009. Haverá, claro, os campeões de audiência. Ocorrem-me dois, assim de improviso: a crise mundial e a escolha do Rio como cidade-sede das Olimpíadas. Se eu pudesse escolher, teria dado o maior destaque a um fato até recente: a atitude da passadeira de Brasília que encontrou um envelope com dinheiro à sua porta e foi entregá-lo à polícia. Por que esta escolha? Porque ela não teve dúvidas, não teve hesitação. Não se importou com o dito popular “achado não é roubado”. Simplesmente seguiu a lógica: não é meu, logo não tenho porque ficar com ele. Isto, em meio a uma torrente de denúncias contra uma série de personagens que têm por obrigação zelar pelo dinheiro de todos nós...

Acho melhor ficar com as previsões. Para falar a verdade, até vou arriscar algumas, apesar de ser um principiante na leitura de arcanos, trânsitos e búzios:

- Um líder de importância internacional vai morrer em 2010 (só um?);
- O casamento de uma conhecida artista do show business chegará ao fim;
- A expressão mais ouvida em 2010 será “nunca antes na história deste país)” em todas as suas variações;
- O trânsito de São Paulo baterá recordes de congestionamento, devido a um trânsito de Saturno muito complicado;
- Uma conhecida artista do show business irá se casar em segredo, com ampla cobertura da imprensa;
- Conhecida figura política terá seu nome envolvido num escândalo. Ele protestará inocência e seus opositores dirão que o caso será apurado com todo rigor;
- A torcida brasileira não concordará com a lista de convocados da seleção canarinho.

E, por fim, uma séria: cada vez que um de nós toma uma atitude para mudar o mundo, por menos que seja, ele muda. Esta revolução tem que acontecer pela individualidade, pela consciência e pela ação de cada um de nós. Tenho confiança que veremos muito disso em 2010.

Flavio Valsani é Diretor Executivo da LVBA Comunicação e mal pode esperar pela enxurrada de retrospectivas....

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

(Sem) Os prazeres da carne

No dia 29 de novembro, tomei a decisão de aderir à dieta vegetariana. Era algo que eu vinha pensando há bastante tempo, principalmente por ser uma amante de animais desde que me conheço por gente. Só não sabia por onde começar. Na verdade, já tinha colocado a ideia em ação no ano passado, quando passei uns nove meses sem comer carne vermelha, porque achava que largar tudo de uma só vez seria muito mais difícil. Afinal, comer um filezinho de frango de vez em quando ameniza a falta da picanha, certo? Errado.

Para mim, pelo menos, não deu certo, tanto que faz mais de um ano que voltei a comer todos os tipos de carne, simplesmente por fraqueza. É isso mesmo, não me mantive fiel aos meus objetivos porque não aguentei. A carne deve ser um dos piores vícios que existe! Se você fuma, tenho certeza que você come carne há muito mais tempo, mas ainda não percebeu que é tão viciante quanto, porque você está muito mais acostumado! Parece que não, mas é muito difícil. E eu, como prova (e não devo ser a única), cedi aos prazeres do churrasco & amigos.

E é nesse ponto que você me pergunta: se não aguentou, vai tentar de novo por quê? Porque me senti muito bem durante todo o período do ano passado que passei sem comer carne. Meu irmão influenciou muito essa decisão, mesmo sem saber. Para esclarecer, vamos dar uma volta no túnel do tempo: por mais de seis anos, ele foi vegetariano e todo mundo da família sofreu por consequência. Minha casa, onde antes reinava picanha e filé mignon, passou a ser dominada por soja e tofu. E eu, no auge dos meus 11 anos, não entendia a necessidade dessa mudança na minha alimentação. Claro, minha mãe não cortou toda a carne do cardápio, mas a mudança foi drástica o bastante para mim e meu pai, grandes carnívoros. Depois, acabei me acostumando – meu pai não.

Mas vamos voltar a 2009. Diferentemente do meu irmão, deixei de comer carne vermelha por compaixão. Não, não vi nenhum documentário chocante de ONGs que defendem os direitos dos animais, como o famoso "A Carne É Fraca", do Instituto Nina Rosa, mas muito pelo contrário. Muitos acontecimentos na minha vida pareceram se encaixar com as minhas ideias. Em janeiro, uma amiga aderiu ao vegetarianismo e, por causa da minha experiência do ano anterior, sempre trocamos informações sobre o assunto, o que despertava ainda mais minha vontade de também fazer parte desse grupo. Uma das dicas dela foi justamente essa: largar de uma vez, porque senão é mais fácil ter uma recaída (se você já tentou parar de fumar, deve ter a mesma sensação, não é?).

Mais tarde, fiz um trabalho para a faculdade sobre a PEA, ONG que trabalha, entre outras coisas, com a conscientização da importância dos animais para o equilíbrio ambiental. Eles não pregam, necessariamente, o vegetarianismo, mas quase todos os outros materiais que utilizei para complementar o trabalho falam sobre isso, o que me deixou com ainda mais vontade de adotar a dieta. E, de qualquer forma, eu já era apaixonada por animais, e isso é completamente irreversível.

Quando me dei conta, já estava pesquisando na Web várias informações sobre o tema, diferentes tipos de dietas vegetarianas (a que adotei, por exemplo, é a ovolactovegetariana), marcando consulta com nutricionista para saber quais substituições terei que fazer, conferindo experiências de pessoas e casos bastante polêmicos relacionados a direitos animais, como um dos posts na coluna do André Forastieri – admita, não é preciso ser vegetariano para ter uma pontada de raiva desse promissor comedor de cachorrinhos.

Dentre essas e outras que percebi que a carne não é um item indispensável na minha alimentação e, ignorando Paul McCartney e seu Meatless Monday, parei radicalmente com o consumo desse alimento. Mesmo estando só há duas semanas e meia seguindo rigorosamente essa dieta, acredito que vou conseguir me livrar desse vício de vez por um bem muito maior do que os momentos prazerosos à mesa. Então, para mim e todos os outros viciados em carne que se abstiveram de suas vontades, não importa qual seja o motivo, mais 24 horas!

Natalia Máximo é estagiária da LVBA e vai para o terceiro ano de Relações Públicas nas Faculdades Integradas Rio Branco. Quando era criança, queria ser veterinária, mas, como não consegue ver sangue sem passar mal, viu que seu amor por animais não teria comprovação acadêmica. Acredita que, se sobreviver à abundância de carne das festas de fim de ano, sua dieta vegetariana estará a salvo. Está procurando um jeito de convencer seus pais de que essa mudança na alimentação não vai afetar sua saúde. Se você souber como, fale com ela aqui.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

For Those About To Rock - AC/DC no Morumbi

Não pesquisei para fazer esse texto. Não me preparei. Apenas escreverei o que sinto, o que senti, o que vivi. Só sei que nada sei de AC/DC. Na verdade, quase nada. Até pouco tempo, ainda confundia canções do Kiss com as deles. Sim, apesar de adorar música e rock, não estou nessa praia. Antes do show, só conhecia duas faixas da banda: "Back in Black" (que a propaganda da Ford está destruindo) e "Highway to Hell". Coisas do destino, ganhei ingressos para a apresentação única deles no Brasil, no Estádio do Morumbi, sexta passada. E aí começou a história desse show incrível.

Em dezembro último, também tive a oportunidade de ir a um megashow de graça. Foi o da Madonna (o post, inclusive, está aqui). Como a cantora, AC/DC é um nome clássico no meio musical em todo o mundo. Estão por aí há um tempaço e, por todos os lugares que tocam, é sempre garantia de lotação máxima. Mas acho que qualquer tentativa de comparação acaba aí.

AC/DC, como falei no começo do texto, não está no meu vocabulário musical. (aliás, até hoje nem sei o que esse nome significa). É uma banda muito popular entre fãs de rock - assim como Kiss, Led Zepellin, Black Sabbath e outros similares. Basicamente, o fã perfil "Escola do Rock".

Mas esse tipo de rock, por alguns chamado de metal, não faz parte das músicas que escuto diariamente no carro ou no computador. Não curto vocalistas de voz aguda e que em alguns momentos parecem mais gritar que cantar (é a minha opinião, fazer o quê?).

Quem me conhece sabe que minha vertente do rock vai mais nas origens (Elvis, Jerry Lee Lewis, Johnny Cash) e/ou para um rock com levadas blues/funk/soul (Blues Travelers, Marvin Gaye, J.J. Cale), sulista (Allmann Brothers, Lynyrd Skynyrd, Tony Joe White) ou britânicas (Rolling Stone, The Beatles), entre algumas outras. Mesmo em bandas com uma pegada soft metal, como Bon Jovi, eu curto mais quando é um esquema acústico ou mais leve.

Mas isso jamais me impediria de ir a um show do AC/DC. Fui sem preconceitos, esperando alguma coisa boa. Claro que o famoso esquenta, à base de Jim Beam, ajudou muito. O próprio AC/DC, tocando no volume máximo no som do quarto, também. Chegamos para o show 22h (sem filas, sem confusão, tudo tranquilo) e, pouco depois, os cara já começaram. E, para resumir: curti demais. Os caras do AC/DC já estão velhões. Mas tocam muito. Mandam muito bem. O guitarrista dos caras fez um solo de uns 15 minutos. A banda mostra porque está na estrada há tantos anos. Domina a plateia e faz dela o que quer. Setenta mil pessoas foram comandadas pelo grupo australiano. Foram à loucura, gritaram, perderam as vozes. E comigo não foi diferente. Cantei as poucas que conhecia. Aprendi na hora as várias que não sabia. E pulei até cair, literalmente.

Em meu currículo de shows que já fui, o AC/DC não ocupa o primeiro lugar da lista. Mas certamente fica entre os cinco mais, talvez entre os três. A presença no show deles também não vai mudar muita coisa. Não vou comprar CDs ou começar a ouvir mais do que antes. Até porque a diferença entre o que se ouve em um CD e no estádio é colossal, abismática, discrepante.

Colocando à parte toda a importância que eles têm para o rock, eu digo tranquilamente: AC/DC, eu os saúdo.

Luís Joly é músico de ouvido. Adora não conhecer tudo de música e descobrir assim, aos poucos. Começou sem querer, com Elvis, e aumenta a cada dia, a cada hora. Veja o que mais ele tem a falar sobre música e outros assuntos em http://jacksenna.blogspot.com