quarta-feira, 28 de abril de 2010

De mudo, um rouco

Dispara a vida à galope sem saber qual caminho seguirá. Segue em suspenso se minha sorte vai guiar ou minha dor abreviará. E por onde vai a vida, segue a ferida. Não mais entendida do que sentida. Metade marca, inteira memória perdida.

Cobre o sorriso num improviso. Tem a convicção de um achismo e o que acha, constantemente, é mero eufemismo banhado em egoísmo. Desprende e não se arrepende do que lhe desdiz. Se perder pela perdição é o coração quando se contradiz. Teatro de fato, é mais fácil ser esquecido do que parecido no fim do ato.

Querer é perder e o que não se pede também pende pra derrota. Derrotismo de véspera é a vitória que não importa. Corre à dobra, se desdobra e cobra do destino tudo isso que só lhe merece a sobra. No caso, culpe o acaso. E se o mal me quer, o sal vai temperar minha fé. E no que marejam meus olhos, minha estrela vira a maré.

A vida é injsta aos que nascem frustrados. E ela não faz questão de ensinar. Ao invés, serve de bom grado tudo o que é desagrado. Reverso imerso no universo de um só verso. Um resumo de tudo o que não vi é o que ainda quero ver. Uma aposta sobre a hipótese do talvez. Um tolerante futuro pra quando chegar minha vez.

Que corra a nossa existência pra qualquer inconsciência. História por estória, prefiro dosar a minha com paciência. Até porque, dela só sei o começo e o fim. A parte que falta é o que esperam de mim.

Mas já sei que não há cura para quem jura que a alma é pura e não se mistura. A amargura que perdura é a fuga da ternura que se procura. O que fulgura às escuras reitera essa nossa loucura já madura de sonhar que a vida é dura.

Vitor Vieira é exatamente o que não parece ser. Apaixonado por samba, intrigado por filosofia moderna e enganado pela literatura , se mistura pelos versos e só neles se atura. Acha que a vida faz pleno sentido desde que vista ao avesso. Não sabe o que lhe atrai nas rimas, mas flerta com elas. Entre idas e vindas, é novamente assistente de atendimento da LVBA.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Eficiência ou espetáculo?

Entre meus vários interesses, ocupa um dos primeiro lugares a Fórmula 1 e a velocidade, tema do texto que você lerá a seguir.

Parece clichê de início de temporada, mas não é: esse campeonato mostra-se um dos mais equilibrados da Fórmula 1 de todos os tempos. Massa, o líder na última prova, agora não está nem entre os cinco primeiros. Claro, como bem sabemos, muita água (sem trocadilhos) ainda vai rolar após o início da temporada na Europa “séria”, com a próxima etapa, na tradicional Barcelona. A síntese dessa primeira porção do calendário é feita por Fernando Alonso, após a China: “espero uma corrida normal de vez em quando”. Fato. Das quatro corridas que já rolaram este ano na Fórmula 1, todas tiveram fatores climáticos instáveis – alguns na corrida, outros apenas nos treinos, mas que com isso tornaram o grid de largada igualmente atípico.

O telespectador, claro, adora uma boa corrida com chuva – já brincam que os circuitos deveriam ter um sistema de irrigação no asfalto. Mas, para as equipes e pilotos, é um tormento – e isso vai muito além do óbvio fator extra de dificuldade devido às péssimas condições de visão e condução do carro. É ruim mesmo porque o carro e os pilotos não se desenvolvem. E todo o trabalho que é feito nos treinos, com pista seca e sol, de nada serve em verdadeiras loterias molhadas. Ou seja, vai por água abaixo (mais um trocadilho infeliz).

Mas a chuva potencializa duas características que se mostram predominantes este ano: o espetáculo e a eficiência. Espetáculo, que pode também ser chamado de Lewis Hamilton, como mencionei na última coluna. Não tenho os números aqui, mas não duvido que ele tenha sido o piloto que mais fez ultrapassagens até agora. De novo, para a audiência, nada melhor do que um ótimo piloto largando de trás, com um carro mais rápido que a maioria. Mas, para a McLaren, será que isso é realmente interessante? Não, certamente.

Do outro lado do grid (normalmente), Jenson Button, que chegou campeão e discreto no time para 2010, não preza pela agressividade. Prefere a discrição, sua característica mais forte. E, assim, sem provocar muitos sorrisos ou olhares espantados no público, já levou duas corridas no ano. Nas duas, fez a melhor estratégia de pneus e paradas, enquanto Hamilton trocava sopapos com o resto do circo, galgando suadas posições, uma a uma, para em seguida perdê-las de novo em uma rodada ou nova troca de calçados.

Nessa linha, podemos fazer uma comparação com nossos trabalhos: de que adianta ser o centro das atenções, mas não entregar resultados concretos? Da mesma forma, não é interessante manter-se oculto e não assumir os bons trabalhos. É necessário encontrar um balanço. E a linha que separa o gênio do genioso é muito tênue.

Para terminar: qual dos dois, Hamilton ou Button, é melhor? Impossível dizer. Quem foi melhor, Senna ou Prost? Torcedores fervorosos dirão Senna, claro. Era quem arriscava, ousava, errava, mas empolgava.

Mas, entre os dois, quem teve mais títulos na carreira?

Luís Joly é... ah, você já sabe. Ele escreve aqui de vez em quando, procura nos textos anteriores do rapaz. Na escola, ele costumava colocar no diário que era alérgico à pó, palmeirense e mofo. Ele escreve após cada corrida no site do UOL Interpress Motor e não nega uma corrida de kart. Aliás, vamos marcar?

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Música para ouvir e sentir...

Ouvindo ontem uma amiga cantar lindamente os versos de músicas de Cartola, Chico Buarque, Elis Regina, Francis Hime e outros artistas da nossa bela MPB, fiquei pensando no quanto a música nos envolve e muitas vezes se relaciona diretamente com o momento que estamos vivendo.

Por vários momentos da apresentação dela voltei no tempo, relembrei antigas situações e revivi sensações. Apesar da melancolia, confesso que foram realmente deliciosas as mais de duas horas que permaneci ali, no tradicional Bar do Alemão, ouvindo músicas sensacionais e passeando no tempo... Afinal, um pouco de nostalgia não faz mal a ninguém.

Certa vez uma amiga me perguntou qual era minha paixão, o que me movia. Ao pensar um pouco no assunto compreendi que sou apaixonada por artes e cultura, especialmente por música. Boa música me envolve, me fascina e me inspira...

Quando ouço uma música ou vou a um show, presto atenção em cada detalhe. Fico encantada quando há perfeição na letra, arranjos impecáveis e, principalmente, boa interpretação e sonoridade na voz do artista. Música para mim é para ouvir e sentir!

Não imagino a vida sem música. Acho que tudo seria sem graça, sem cor, sem alegria. Assim como não acredito que seja possível viver sem cultura. Sou movida pelos diferenciais que as artes e a cultura podem proporcionar. Ler um bom livro, assistir a um inesquecível filme, sentir o calor de uma apresentação teatral ou de um espetáculo de dança são as melhores experiências que alguém pode ter na vida. Procuro sempre apreciar e estar em contato com os mais variados tipos de expressão artística: cinema, teatro, música, exposição, circo, dança...

Nada melhor do que isso para o meu dia ficar muito mais feliz!

Lilian Ambar é jornalista por vocação. A curiosidade aguçada e a facilidade para lidar com as palavras desde criança a levaram ao jornalismo. É aficionada por arte e cultura. Não passa uma semana sequer sem assistir a um filme. É apaixonada por teatro, está sempre à procura de um artista novo para ver seu show e seu criado-mudo é repleto de livros e revistas. É uma das novatas da equipe da LVBA.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Um novo começo

Ausências, presenças, esperanças, angústias, erros e acertos são acontecimentos e sentimentos comuns na vida de qualquer ser humano. Mas nos últimos oito meses eles foram protagonistas na minha rotina. A ausência, hoje em dia, é frequente quando em agosto do ano passado perdi a mais importante figura masculina do meu dia a dia. Caçula de quatro mulheres, mais minha mãe, o meu pai era energia do sexo oposto que equilibrava a nossa família. Entretanto, ele resolveu sair de cena e deixar este posto para o Arthur Gastão Novaes, nome do meio em homenagem ao avô Gastão Novaes Filho.

E Arthur chegou não deixando o feminino dominar totalmente. Pelo contrário, ele chegou para representar a parte masculina do Novaes e deixar todas as pessoas caindo a seus pés. É incrível como um serzinho que tem um pouco mais de cinco quilos e meros dois meses de vida já tem o poder de colocar todas as mulheres da família a sua disposição. A mãozinha, o cheirinho, o pezinho, tudo nele é atraente para querermos cuidar.

Eu penso como a natureza é sábia, pois não fosse o encanto, o amor e o zelo sentidos por ele, teríamos a ideia de jogá-lo pela janela quando começa a chorar, mas apenas queremos descobrir o que lhe aflige e deixá-lo satisfeito e feliz.

Ironia do destino, talvez, não deixar os dois Gastões se cruzarem. Aposto que meu pai, sempre reticente a netos, seria o primeiro da fila para deixar o serzinho contente e estaria emanando seu amor torto, porém genuíno, à pessoinha com seu nome.

Certamente a presença do meu sobrinho na minha casa, no quarto ao lado, distancia a ausência dessa figura tão importante. A esperança de o novo Gastão ser mais completo que o primeiro está presente, a angústia de saber que o meu pai nunca mais estará no sofá de couro para dar umas “bronquinhas” e a segurança paterna volta e meia aparece. O equívoco da minha irmã de engravidar de uma forma não convencional gerou o melhor acerto de todos: dar-nos o prazer de podermos amar mais um Novaes.

Realmente, a vida se renova, a vida tem um prazo de validade. Quando dizem para aproveitarmos cada pedacinho, é de fato um dos maiores clichês existentes, mas também uma verdade. Um dia você acorda e tudo mudou. Ninguém lhe perguntou se podia trocar o seu papel representado na história. Ontem filha, hoje tia e amanhã, quem sabe? Quando você vê, em apenas oito meses, sua vida muda e não há mais como voltar atrás. Apenas continuar apreciando cada momento e sempre que dá saudades, rever os melhores capítulos...

Veridiana Novaes é uma das caras da nova geração da LVBA, tem dois meses de agência, tempo que seu sobrinho tem de vida. Adora comida japonesa, discute com a irmã Carol, mãe do Arthur, quase todo dia. É uma apaixonada pela vida, pelos amigos e pela família.