quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Como sumir nos dias de hoje? Belchior ensina

A partir de uma matéria do Fantástico, no último domingo, criou-se uma situação quase que inaceitável nos dias de redes sociais, que não deixam nada sob o tapete, que não permite segredos e que oferece uma eterna troca de idéias ou de simples boatos na Web. O cantor cearense Belchior, diga-se de passagem meu conterrâneo, conseguiu sumir no “oco do mundo”, expressão também da terrinha. Incrível!!! Internautas de todo o país estão chocados. Como ninguém sabe dele? Nenhuma foto de celular? Nem um twitteiro informado? Parem o mundo. Não é que o cabeça chata “causou”.

Já existe até o blog “Cadê Belchior?” com fotos do artista em vários registros históricos e em retratos cômicos. Humoristas do Treta já até fizeram “Mais um Brasileiro em Lost”. Gênio! Anunciaram que, depois da passagem relâmpago de Rodrigo Santoro pela série de TV americana, temos “mais um brasileiro em Lost’’. E o site http://twitpic.com/f41qh/full, coloca você para procurar Belchior. Mais uma genial. Sem falar nas mais de 50 comunidades no Orkut, como: Onde está Belchior?, Belchior, Volta pra Casa! e Alguém viu o Belchior. E ainda tem mais. Fãs do cantor já criaram um manifesto que chamam de “Campanha Volta Belchior’’ para show de Fagner, também cearense, no sábado, no Rio de Janeiro.

O mais incrível de toda essa história é que mesmo tendo conseguido driblar o controle dos tempos modernos, as mídias sociais não descansarão enquanto o compositor e cantor não oferecer o ar da graça. Não se tratando de uma tragédia ou de uma fuga desesperada de dívidas, como vêm comentando, a história de Belchior é um case de estratégia de assessoria de imprensa a ser estudado.

Com o sumiço, o cantor conseguiu uma linha de divulgação perfeita: exclusiva na grande revista eletrônica do país, disseminação pelas Internet, apuração com destaque e constante nos principais veículos do Brasil e ainda repercussão no exterior.

Para concluir, desejo que meu conterrâneo esteja bem e que ainda possa comentar sobre todo esse burburinho que ele conseguiu provocar sendo “apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no bolso...”

Ada Mendes é jornalista, especializada em economia, e adora um dicionário de português. Veio lá de Fortaleza, mas gosta de ser vista como cidadã do mundo. O panqueique.blogspot.com é o seu cantinho de falar bobagem.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

E aquele roqueiro chato continua o mesmo...

Alguém mais teve o azar de assistir ao Prêmio Multishow na última terça-feira? Cansado de ser chamado de roqueiro saudosista, um mala que não gosta de nenhuma banda nova e um preconceituoso que não respeita músicas brasileiras, decidi acompanhar aquela que se autodenomina a principal premiação musical de nosso país.

Não precisou muito tempo para eu perceber que, além de nós brasileiros ainda não sabermos fazer um evento ao vivo (microfones que não funcionam, piadas mais sem graça do que as do Oscar, etc), a noite foi uma sucessão de apresentações pífias de músicos que, cada vez mais, comprovam a decadência da música nacional.

A primeira prova disso foi a imensa quantidade de covers e versões presentes no palco, o que para mim é uma evidência de que as músicas destes artistas não empolgam e estão longe de serem hinos cantados em massa pelo público. Ao ouvir da apresentadora da noite, Fernanda Torres, as palavras “Toca Raul!”, já imaginei o pior. No palco, o ex-titãs Arnaldo Antunes e a revelação da MPB Ana Cañas cantam “Como Vovó Já Dizia”. Parece incoerente, mas seria melhor ouvirmos Ana, uma música emergente de música popular brasileira, cantar Raul Seixas sozinha do que com o “consagrado” roqueiro que fez parte de uma das mais importantes bandas do gênero no Brasil. Enquanto a jovem cantora dava show, com uma voz surpreendentemente potente para o rock and roll, Antunes, preguiçoso no palco, não empolgava e o pior – desafinava.

E desafinar em rede nacional e, como diria Galvão Bueno, ao vivo para todo o Brasil, não foi privilégio de Arnaldo Antunes. Em uma homenagem para Rita Lee, que de tão lesada parecia o Ozzy Osbourne brasileiro, Pitty, acompanhada de Gilberto Gil, conseguiu piorar uma das piores músicas da roqueira – “Ovelha Negra”. Como se não bastasse, o número contava com mais duas músicas, também da pior fase de Rita Lee – “Mania de Você” e “Lança Perfume”.

E para quem pensou que Gilberto Gil pudesse salvar o momento, se assustou ao presenciar um backing vocal repetitivo com gritos de gralha à la “A Novidade”. Na sequência, Rita Lee sobe ao palco com a netinha de 3 ou 4 anos e, em vez de simplesmente agradecer, profere palavrões sem pudor e aproveita para cutucar a Igreja Universal.

Mas o momento de maior indignação do roqueiro que vos escreve foi ver 3 bandas emo, NX Zero, Fresno e Strike juntas no palco. E, como não podia ser diferente, o grupo de adolescentes problemáticos decide assassinar um hino do rock nacional, a ótima canção “Inútil” do Ultraje A Rigor. Por sorte, acho que Roger, vocalista do Ultraje e compositor da música, não estava presente para ouvir tamanha heresia (alguém me explica o que foi aquele rap/reggae proferido pelo vocalista do Strike? Outra pergunta: alguém sabe o nome dele? Uma mais fácil então: alguém conhece alguma música do Strike?).

Caros amigos, sinto informar, mas acho que vou continuar sendo aquele rockeiro chato, que só escuta o mesmo disco, que só baixa músicas das mesmas bandas e que, agora com mais fervor, é um preconceituoso com o jeito que a música é conduzida no Brasil.

Mas eu sei que sou quem vive em outro mundo. Na mesma noite, Fresno foi eleito o melhor grupo e NX Zero o melhor CD lançado no Brasil em 2009. E o Strike? Não ganhou nada? Fiquem tranqüilos, ano que vem tem mais.


Fernando Thuler é jornalista, escritor e apaixonado por música. É também o vocalista da Black Beers Band, que, numa última tentativa, mantém as canções clássicas do rock and roll vivas pelos palcos de São Paulo.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

100% Jornalismo!

A minha chegada ao mundo corporativo aconteceu em grande estilo. Não estou exagerando, não! E logo vocês vão entender.

Depois de passar por grandes veículos de comunicação – como O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Nova (Ed. Abril), Crescer e Pequenas Empresas & Grandes Negócios (ambas da Ed. Globo), e IstoÉ Gente (Ed. Três) –, fui convidada em 2003 para ser assessora de Comunicação Interna da maior empresa brasileira naquela época. Tenho razão quando falo em estreia em grande estilo, não acham?

Devo confessar, entretanto, que não entendia nada do assunto. Nunca tinha trabalhado com comunicação empresarial! E sequer tinha estudado o assunto na faculdade. Mesmo assim aceitei o desafio porque queria fazer algo diferente profissionalmente e aquela era uma ótima oportunidade. Foi, inclusive, a certeza de estar diante de uma oportunidade única que aplacou a minha tristeza de estar abandonando o jornalismo.

Encantado com a minha vasta experiência profissional, o gerente de Comunicação me recebeu muito bem. A animação dele contrastava com o meu desespero. Juro que nos primeiros dias eu só conseguia pensar “o que vim fazer aqui?!”

Uma angústia que piorava à medida que eu tomava conhecimento da qualidade das ferramentas de comunicação interna, que era extremamente inferior quando comparada ao padrão impecável do material de divulgação externa da companhia.

Um bom exemplo: ao ligar o computador, o colaborador recebia em sua tela um PowerPoint com informações atualizadas diariamente. Em vez de ter notícias relevantes e ser usada como uma agenda, a ferramenta era editada com frases ao estilo “pensamentos do dia”. Algo que não combina, de forma alguma, com veículos corporativos.

Minha saga, entretanto, começou pelo boletim interno. Sem saber direito o que fazer, resolvi usar meus anos de aprendizado jornalístico para dar uma melhorada no jornal. A cada entrevista, fazia a fonte decodificar as informações e, principalmente, as inúmeras siglas da empresa, que antes apareciam aos montes nas páginas do jornal.

Muitos entrevistados tentavam fugir das explicações com o argumento: “fique tranqüila, os colaboradores estão acostumados, eles vão entender o que estou falando”. Candidamente, eu respondia: “sou eu quem precisa entender, senão como vou escrever um bom texto?”.

Em pouco tempo, o jornal circulava com novo projeto editorial e gráfico. Uma das grandes mudanças foi dar mais espaço e visibilidade aos colaboradores. Com isso, o boletim ganhou credibilidade. Se antes faltavam pautas para preencher as páginas, pouco tempo depois faltavam páginas para tantos assuntos.

Enfim, na prática, descobri que ao deixar a redação rumo ao mundo empresarial não tinha deixado de ser jornalista. Muito pelo contrário: continuava jornalista mais do que nunca! Hoje, aqui na LVBA, ao finalizar a edição de um veículo corporativo, fico feliz de ter cumprido o meu papel de informar. Continuo jornalista em 100% do meu tempo!

Silvia Lenzi é diretora de Redação da LVBA. Formada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, adora viajar e não perde a oportunidade de conhecer novidades e de se lançar em novos desafios. Tanto que sua primeira reportagem remunerada foi sobre adubo verde – lógico que, na época, não tinha noção do que isso significava, mas hoje consegue dar uma aula sobre o assunto.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

AhaUhu, um dia a Bolsa é nossa!!!

Eu de novo, pessoal! Vim compartilhar com todo mundo uma boa notícia: no dia 08 de agosto (sábado agora), a BM&FBovespa estreia um programa semanal na TV Cultura cujo nome é Educação Financeira. “Taí” a chance de muita gente entender mais e melhor este universo do mercado financeiro!!! Já combinei com meu marido que no sábado, entre 10h15 e 10h30, o sofá e o controle remoto são meus... O programa será exibido todo sábado e tem duração de 12 minutos. Rápido, curto, direto e provocativo: fica a sensação de “ããããã, acabou...”. Mas no outro sábado tem mais!!!

Pelo que foi divulgado na mídia (eu, Mesquita, achei que faltou trabalhar mais o tema...), o programa é mais uma estratégia agressiva de popularização do mercado acionário da Instituição: dados apontam que as Bolsas vão investir cerca de R$ 20 milhões em atividades de popularização do mercado. Uau!!! Ano passado foram “apenas” R$ 10 milhões. Um dado interessante: em 2002, o número de pessoas que aplicavam na Bolsa era apenas 85 mil. Com o “Educação Financeira”, a BM&FBovespa espera alcançar uma audiência de cerca de 80 mil pessoas todas as semanas apenas na Grande São Paulo.

O que as Bolsas querem? Multiplicar por dez a base de investidores pessoa física com aplicações em ações nos próximos cinco anos. Com isso, o total de investidores sai dos 521 mil e vai para cerca de 5 milhões... É muita gente, vai ser muito dinheiro. A economia agradece, as corretoras também e eu mais ainda! Apesar de gostar de aplicar, sinto muita falta de me aprimorar ainda mais no tema. Agora eu tenho um programa que vai falar comigo sobre todo este mundo paralelo e surpreendente que envolve dinheiro, escolhas, sorte (sempre tem um pouco disso em tudo na vida)...

Falando em educação financeira: acredito que num país como o nosso ela é essencial e devia fazer parte da grade curricular de escolas e da vida da gente desde criança... Como é difícil lidar com dinheiro! O Brasil é um país que por cultura não é poupador, e isso é crítico. Acho que se a gente aprendesse desde pequeno o “valor” que o dinheiro tem, ia ser bem mais difícil cair no buraco depois de grande. Você já parou para organizar suas finanças? Já teve uma visão ampla de quanto gasta, de quanto ganha, de quanto você precisaria poupar para ter uma vida confortável lá na frente? Eu faço isso todo mês e quero morrer de raiva...

Quem sabe, aprendendo a poupar, a investir, a vida fica mais fácil quando tudo indica que ela será mais difícil?!

Bom, é isso.... Só voltei para compartilhar com todo mundo esta boa notícia!

Daniela Mesquita, ou Mesqui, é uma das 521 mil pessoa física que investe na Bolsa atualmente. Pretende continuar fazendo da base de investidores pessoa física da BM&FBovespa, mas para isso precisa começar a sobrar um pouco mais de dinheirinho!

Leia também: Dá para ficar rico na Bolsa?

(Não)Fumando (des)Espero

Não e não. Definitivamente não entrarei na discussão sobre a proibição do fumo em ambientes coletivos fechados – públicos e privados – que entra em vigor no próximo dia 7 de agosto no Estado de São Paulo. Também não vou me atrever a listar os tão conhecidos malefícios do cigarro, nem tão pouco os benefícios de sua ausência. Farei coisa pior: Quero contar um pouco dos meus quase três meses de abstinência, depois dos meus quase 10 anos de tragadas, pitadas, baforadas e afins.

Para explicar como me sinto hoje, passados quase 90 dias desde o meu último cigarro, eu só posso dizer uma coisa: Meu Deus... Que vontade de fumar!

Pode parecer exagero, mas depois de devorar minha última barra de cereais (a bola da vez na minha rede de substituições) foi exatamente nisso que pensei. Nessa vontade que ainda persiste, mas que venho driblando como posso.

Fácil? De jeito nenhum.

Certa vez, passados os 15 piores dias da minha vida (Ok! Pode ser que não sejam os 15 piores, mas se eu tivesse uma lista com dez, dos 15 piores dias da minha vida, este período com certeza estaria lá), falava sobre o tema com meu amigo Javier Fierro, fiel companheiro do cigarrinho, entre uma entrevista e um texto. Ele disse: O cigarro é o complemento. É a palavra que liberta as idéias que não chegam enquanto estou na frente do computador.

Pode parecer desculpa do fumante-em-recuperação-inclinado-à-recaída, mas não.

Não raras vezes, as idéias para terminar um texto, um argumento novo, uma linha criativa até então desprezada voltavam comigo para a mesa, acompanhadas pelo odor característico da nicotina, do alcatrão e das milhares de deliciosas substâncias químicas contidas naquele cilindro de papel.

Eu disse odor? Sim, vá lá. O cheiro realmente não é bom. Percebi isso já nos primeiros dias. Mas até disso eu sinto falta. Sei lá. Acredito que já estava incorporado às minhas roupas e bugigangas em geral. Era como se eu marcasse meu território sem, no entanto, precisar urinar nelas.

Mas seja como for, parei. Era necessário. Minha super-bombinha-bronquio-dilatadora não é mais tão requisitada (sim, a bronquite asmática é uma de minhas características mais charmosas), as pessoas não reclamam e nem torcem o nariz quando entro no metrô – pelo menos não por causa do meu cheiro - e a economia para o bolso foi muito boa para meu combalido estado financeiro.

Por sorte parei antes do aumento nos preços e antes da lei antifumo. Hoje, além de não saber o preço de um maço de cigarros, também estou um pouco mais adaptado ao cenário bebidinhas-sem-cigarros e baladinhas-sem-cigarros, o que me deixa um pouco menos chateado/mal humorado.

Continuo fazendo bicos involuntários, acompanhando as tragadas alheias. Mas acho que aprendi a disfarçar melhor. Aliás, só para que vocês saibam isto é bem comum. Me senti retratado (foi um alívio a ter certeza de que eu não estou sozinho nessa), quando o ator Ney Latorraca, no documentário Fumando Espero, contou sobre a quase tristeza que lhe abate ao assistir ao jogar fora de um “lindo” cigarro, praticamente inteiro.

E por falar em jogar fora – só para não falarem por ai que escrevi apenas para choramingar a falta do cigarro – tenho uma pequena consideração sobre a adequação dos locais onde já não se permite mais fumar: Será que alguém já pensou em colocar mega-cinzeirões na entrada de bares, restaurantes e afins, ou será que as bitucas, guimbas e pontas que se acumulam nas calçadas próximas a estes estabelecimentos fazem parte de um sagaz tratamento de choque para os fumantes resistentes? Melhor imaginar que sim.

Ps: Será que o cara que batizou os fiscais que irão realizar as blitze da lei antifumo como os “Caça-fumaça” é o mesmo cara que inventou aqueles nomes maneiros para as operações da Polícia Federal? Melhor nem pensar nisso.

Wagner Pinho, Executivo de Atendimento da LVBA Comunicação. Fumante em recuperação que acredita de verdade que com um ou dois cigarrinhos este post sairia muito mais rápido.