quinta-feira, 29 de julho de 2010

Animadulto em formação

Na semana em que o Anima Mundi 2010 entra em cartaz na cidade de São Paulo, não pude deixar de lado a sensação de “esqueci alguma coisa escondida em algum lugar, lá atrás no passado”. Ao testemunhar a festa de abertura da 18ª edição do Festival, que aconteceu na última terça-feira no Memorial da América Latina, percebi o quanto eu sinto falta de fazer coisas, realizar projetos, ver Melissa em ação. E, por uma questão de afinidade, atração e destino (talvez?) eu sempre me provoco, questionando a mim mesma sobre o tanto que a arte (leia-se música, literatura, cinema, teatro e afins...) se faz essencial na minha vida e o pouco que eu realmente me coloco como agente dela, não apenas como mera espectadora.

Celebrar os 18 anos de um festival que começou pequeno, mas com um potencial gigante, me fez lembrar os meus próprios 18, 19 anos onde eu me enxerguei mais produtiva, no auge da vontade, da criatividade e da ação de “botar a mão na massa” e fazer “arte”. Era ali, naqueles anos, que eu cantava mais, tocava mais, escrevia mais, lia mais, ouvia mais, assistia a mais filmes e a shows de música... Claro que adentrei os vinte anos com toda essa bagagem estimulada por uma vibração multiplicada na certeza de que isso nunca sairia de mim.  De fato não saiu. Isso tudo existe aqui sim. Mas confesso que doeu perceber que muito disso se acomodou num canto qualquer da mente – outrora produtiva e agora, adormecida.

Mas foi assim, nessa sessão especial de curtas de animação, me soando como um gongo aos ouvidos, que levei uma chacoalhada, embalada pela emoção e o prazer de descobrir de novo um mundo de possibilidades criativas e animadas. Um contar histórias por meio das mais diferentes técnicas de expressão audiovisual que me tirou da inércia. E quer saber? Tudo isso está e não há de se esgotar em algum lugar dentro de todos nós quando se tem emoção... Imaginação... Animaginação (?)...

Admirada pelas possibilidades vistas e experimentadas por artistas talentosos e geniais, senti-me alimentada de vontade para voltar a realizar, produzir... agir. Na data em que um festival celebra sua “maturidade”, eu fui me reconhecer adulta justamente na experiência de voltar a ser criança. Ou ainda: saber-se criança para que eu nunca me esqueça de olhar (e por que não fazer também?) um mundo com os mais diferentes olhares possíveis, seja aos 5, aos 13, aos 18, ou aos 29... Basta inspiração!

Melissa Rossi é jornalista e uma entusiasta da criação. Inquieta, não sabe ficar parada e muito menos imune às coisas e/ou pessoas que lhe são apresentadas. Movida à emoção, não consegue evitar reações a obras audiovisuais e qualquer outro produto de cultura. Tem o maior orgulho de seu projeto experimental de rádiodocumentário apresentado em novembro de 2004 na Universidade Anhembi Morumbi e morre de saudade daquela universitária cheia de sonhos, vontades e querências. Como executiva de atendimento na LVBA, hoje ela sonha acordada em busca de reviver (e colocar) um pouco daquela na sua rotina.

3 comentários:

  1. Um VIVA para um texto brilhante e que me encheu de inspiração para voltar a sonhar e a querer realizar mais!

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  2. Isso aí, Mel! O único passo pra voltar a realizar o que queremos é começar!

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  3. Está desafiada. E não só por nós, mas pela moleca Melissa dos tempos de Universidade e de querência. Beijos

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