quarta-feira, 7 de julho de 2010

Realidade paralela?

Sempre troco ideias com alguns amigos sobre o poder que as redes sociais vêm conquistando entre os internautas brasileiros. Hoje em dia, gente de todo tipo, independente da condição econômica, social e cultural, tem, no mínimo, um perfil no Orkut. Seguem os mesmos passos outras redes como o Twitter, Facebook e Youtube. Quase todos os dias, algo se torna febre entre os assuntos mais acessados e/ou comentados por meio dessas redes.

Sexo, bizarrices e baixaria de toda natureza ficam sempre entre os top temas nos rankings dos mais vistos. Gente que não mais se importa em expor a sua intimidade e a de outras pessoas, embora, em alguns casos, a atitude beire o criminoso. Não consigo parar de me perguntar o que move as pessoas quando utilizam esses canais para divulgar toda sorte de coisas, mesmo que isso fira os mais vários códigos de civilidade. Ressalto que estou longe de ser alguém conservador, mas confesso que certos fatos que tenho visto nessas redes sociais aumentam, no mínimo, a minha preocupação.

Só para citar um exemplo bem recente, há o caso da esposa que supostamente gravou um vídeo de uma conversa reveladora entre ela e uma amiga que a traía com o marido. Quase 11 minutos de gravação, um diálogo constrangedor, palavrões e, para finalizar, uma surra de fazer inveja ao ranking das melhores surras de novelas que caíram no Youtube. Resultado: milhares de acessos, comentários e repercussões no Twitter, Orkut, entre outras.

Se a suposição da gravação estiver correta, o caso é tão esdrúxulo que não paro de pensar no que levou à mulher a fazer isto: Simples vingança? Um plano para tirar a maior quantidade dinheiro do marido infiel após o divórcio? Desejo de virar celebridade instantânea como ocorreu com a Geyse Arruda, aquela do vestido rosa? O fato é que as pessoas realmente estão perdendo o bom senso.

Outro caso que me chamou muito a atenção e acredito deveria ter chamado também a dos movimentos em defesa dos direitos das crianças e adolescentes foi postado no Youtube há alguns meses. Um garoto, segundo ele, com idade de 13 anos (aparentava nove), era entrevistado sobre a sua suposta homossexualidade. Detalhes sobre as preferências sexuais do garoto e uma declaração do próprio de que faz programa são expostos em tom de chacota. Resultado: milhares de acessos e comentários, a maioria achando aquilo muito engraçado!

Bom, esses são apenas alguns dos milhões de exemplos de assuntos que viraram hits nas redes sociais. Fica o chamado à reflexão: Até onde pode chegar o poder desse novo canal de comunicação e como utiliza-las de forma mais civilizada?

Benedito Teixeira é jornalista e não chega a ser considerado um viciado em redes sociais. Ainda acessa o Orkut e agora também curte o Twitter.

4 comentários:

  1. Acredito que caminhamos para a máxima de Andy Warhol: "No futuro, toda a gente será célebre durante quinze minutos". Mesmo que esta fama beire a falta de civilidade.

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  2. Acho que os parâmetros para esses casos de youtube que viram sucesso (mesmo que instantâneo) estão se confundindo mesmo. tenho a impressão de que quem assiste isso e acha graça não para refletir nem um segundo sequer de que aquilo lá é uma pontinha do iceberg do problema (por exemplo, da prostituição infantil, que afeta milhares de crianças e adolescentes no País). devemos prestar atenção e ponderar que tudo que está ali é REAL, não uma novela cheia de personagens.
    Boa, Benê! Bjs

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  3. Muito do que se vê nas midias sociais são só reflexo de mundos que às vezes não conhecemos ou preferimos não conhecer. O mundo nu e cru. Uma vida digna é que precisa chegar para todos.

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