quinta-feira, 5 de agosto de 2010

“A felicidade só é real quando compartilhada”

A frase que dá título ao texto aparece no desenvolvimento do filme “Na Natureza Selvagem”, de Sean Penn. Me vejo “obrigada” a começar desta maneira, um tanto quanto burocrática, pela necessidade ética, e também legal de citar a origem intelectual do tema que resumiu em uma única frase e trouxe ao meu consciente um fato que já era claro em minha essência, lugar do nosso íntimo onde, raríssimas exceções, o total acesso e conhecimento são reservados ao inconsciente.

Alguém achou graça na última frase do parágrafo acima? Pois é, eu também não! Na verdade a palavra “graça” só caberia de forma irônica, algo como: “Engraçada a última frase do parágrafo acima, não?”. A ironia aqui, pelo menos ao meu modo de ver, se dá na constatação de não termos a capacidade de vislumbrar, com clareza, o que é parte de nós ao mesmo tempo em que nos permitimos apontar, e julgar de maneira leviana, aquele que se põe a nossa frente.

Mas e o filme, quando voltará a falar dele? Naturalmente imagino alguém se questionando. Se a resposta - “Não voltarei a tratar do filme” – é lida com frustração e te faz desistir do restante do texto, sinto muito. Desculpe, mas não estou aqui para fornecer uma simples sinopse, crítica ou análise lírica da fita. A frase/título do texto é um convite aberto para que assistam ao filme e percorram, a partir daí, seu próprio caminho.

Nossa, reli o texto até aqui e me parece que ainda estou muito distante de chegar onde quero. Mas paciência. A simples frase que serve de coroa a esta dissertação é carregada de uma complexidade que varreu de mim a displicência com minha própria pessoa.

Tenho para mim que o ser humano é egoísta por necessidade. O problema, no meu entendimento do cotidiano universal, é que suprimos essa necessidade de maneira a contemplar somente o mundo exterior da nossa existência. Sendo que esse “instinto” egoísta que nos foi dado tem como serventia mais nobre nos proporcionar o isolamento total do que esta ao redor, permitindo que tenhamos contato com o que nos permeia intimamente: a essência.

Não vou dizer com convicção que adentrei minha essência, longe de mim me equiparar a Jesus e Buda em sua pureza e grandeza como disseminadores da compaixão e do amor. Mas recolhendo-me ao total isolamento do mundo exterior foi fácil sentir a imensa beleza do amor que esta dentro de mim. Não é preciso ir fundo e, tão pouco, se concentrar demasiadamente para encantar-se com o amor que inunda o nosso íntimo.

Como disse, não cheguei nem perto de adentrar minha essência, mas fato é que o amor faz parte dela com tanta intensidade que transborda deste nosso núcleo e se faz perceber com o mínimo de esforço, basta suprirmos de maneira interna essa nossa necessidade do egoísmo.

Tendo encontrado, para mim, o verdadeiro sentido do egoísmo, o fardo diário de viver a vida se tornou mais leve e belo. Buscando o recolhimento no interior do próprio ser enxerguei que o meu amor será o seu. Tendo consciência da magnitude do amor acerca da minha essência posso refleti-lo sobre o mundo. E o que é a felicidade se não a consciência plena do amor dentro nós?

Refletir sobre o próximo o seu verdadeiro amor é dar a ele a sua real felicidade, é deixar transparecer a essência do ser. Qual o sentido de um sorriso que não é compartilhado? Se a luz do seu sorriso não refletir sobre alguém ele não foi real, pois não causou qualquer transformação. É disso que se trata o tema.

Certa vez uma pessoa muito especial me disse que a vida é como uma chama, ao que respondi que sem amor seria uma chama sem luz. Daí a constatação de que “A felicidade só é real quando compartilhada”. Afinal, qual o sentido de uma chama que não ilumina? Compartilhe e acenda. Ou seria ascenda? Aqui cabem os dois.

Priscila Cunha está há 24 dias na LVBA como Assistente de Atendimento. É apaixonada por pessoas e acredita que um olhar ou um soriso pode mudar o dia. Sente prazer em discutir sobre a essência, os valores, a ética e a moral dos seres humanos. Seu trabalho voluntário como palhaça da UPI (Unidade de Palhaçada Intensiva) contribui para enxergar a vida de outras formas e descobrir que não há nada mais gostoso do que dividir alegrias!

Um comentário:

  1. Olá Priscila.
    Parabéns pelo texto e reflexão.
    O ser humano foi concebido para viver em sociedade e tem uma necessidade fundamental de compartilhar emoções, apesar do seu aspecto individualista, construído a luz dos processos de urbanização pós-revolução industrial e notadamente no Modernismo do século XIX.
    Quem sabe um dia, novas revoluções tragam para a humanidade uma nova forma de pensar e atuar..vixe..lembrei de Erving Goffman...
    Super sucesso e tenho a certeza que encontrará também a felicidade no ambiente da Lvba.

    Adilson Ramos de Oliveira - ex-cliente e admirador do trabalho da agencia.

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