O mercado de música passou por grandes transformações nos últimos anos. Vimos a ruptura da era dos CDs e a invasão dos formatos digitais, a perda de receita por parte das grandes gravadoras e o surgimento dos selos independentes. Grandes mudanças que alteraram a forma de como as pessoas consomem cultura e de como a indústria ganha receita.
Hoje, dizer que passamos por uma loja para comprar um CD é bastante raro. Aliás, raro mesmo é encontrar uma loja física de CDs... Não seria até uma inverdade dizer que esse comportamento só se mantém por parte dos colecionadores, ou dos que já têm mais de 30 anos. Pergunte para um garoto de 15 anos se ele compra CDs e aposto que a resposta dele vai te surpreender. Digo isso pois tenho um irmão de 14 anos e ele não comprou sequer um CD de música na vida. O que ele precisa é do seu HD externo de 250 GB com mais de mil canções de diversos músicos, nacionais e internacionais, e um programinha instalado no notebook.
Mas esse não é um privilégio só dele. Sabemos que a grande maioria dos brasileiros hoje recorre a programas P2P para pegar aquela nova música do artista x ou y gratuitamente. As opções são muitas. Desde o velho e conhecido Kazaa até a febre dos Torrents, que permitem o download de coletâneas completas de toda a carreira de inúmeros músicos, de Beatles a Ivete Sangalo. Trinta anos de obra musical baixados de graça em (menos de) trinta minutos.
A legislação branda e a fiscalização praticamente nula tornaram esse comportamento praticamente parte da cultura dos brasileiros, afinal é muito fácil ter acesso irrestrito a esse universo sem ter custo algum. O problema é que a conta não está sendo paga por ninguém, e, com isso, os artistas também não têm recebido nada de ninguém. Como fica essa história? É essa a questão que a indústria tem quebrado a cabeça para responder.
Nesse cenário, entra também a velha convergência. Sim, parece piegas, mas ela está aí. E cada vez mais você vai precisar de menos produtos para fazer (muito) mais funções. Seu celular vai ser uma espécie de impressora multifuncional.
É louvável a atitude de marcas como Nokia e Sony Ericsson, que criaram formas de se consumir música sem deixar de despertar o interesse do consumidor conectado e ao mesmo tempo agradando aos artistas. Com os serviços Comes With Music, da Nokia, e Playnow Plus, da Sony Ericsson, os consumidores de celulares dessas empresas ganham acesso a um acervo enorme de faixas, com downloads ilimitados por tempo determinado, mas que é bastante razoável (um ano). É claro que uma parcela do valor do produto já tem embutido o custo dessa operação, mas como os celulares recebem subsídio das operadoras, o preço por um produto com esse serviço fica bastante equivalente aos similares da concorrência que não o tem.
A desvantagem fica por conta do DRM, que é um sistema de proteção colocado nas músicas que impedem que elas sejam passadas para outros aparelhos ou gravadas em CD. Enfim, pode até ser que o modelo ainda não seja perfeito, capaz de ameaçar a hegemonia dos piratas, mas é uma alternativa que pode dar certo. A mudança cultural do consumidor é a grande aposta dessas empresas e essas ofertas são o passo inicial.
É importante colocarmos a mão na consciência e pensar que somos os responsáveis por manter a indústria musical brasileira. Se existem soluções viáveis, baratas e inteligentes, por que não experimentar?
Eduardo Contro é Relações Públicas formado pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) e graduando em Direito pela FMU. Tem passagens por agências como Ketchum Estratégia, Burson-Marsteller, S2 Comunicação, The Jeffrey Group Brasil e Lide Soluções em Comunicação. Traz em seu currículo experiência nas áreas de Tecnologia, Finanças e Consumo, tendo atendido clientes como HP, Kodak, FedEx, Oracle, Linksys e Banco WestLB. Na LVBA, é um dos executivos exclusivos da conta da Nokia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário