Semana passada, meu estado de humor altamente positivo sofreu um pequeno abalo após ler uma notícia – divulgada pelo G1 – sobre um estudo realizado em Sydney, na Austrália, dizendo que as pessoas mal-humoradas possuem uma inteligência mais afiada. Digo que fiquei abalada não por achar um absurdo tal conclusão; pelo contrário! Mais uma vez fui consumida por aquela sensação de descoberta triunfal: “Claro! Como eu nunca pensei nisso antes?”.
Há tempos sou questionada – por mim e alguns poucos terceiros que comigo convivem bem de perto – sobre esse, às vezes inconstante, estado de euforia aguda que resolveu tomar conta da minha personalidade e que, não raro, deixa-me um pouco dispersa em relação ao mundo de coisas que acontecem ao meu redor.
Eis que, finalmente, posso então argumentar cientificamente que a minha falta de atenção e de memória é culpa exclusivamente do fato de eu ser alegre e mais feliz. Publicado na última edição da revista científica Australasian Science, o artigo avalia que “enquanto um estado de ânimo positivo facilita a criatividade, a flexibilidade e a cooperação, o mau humor melhora a atenção e facilita um pensamento mais prudente”.
Fazendo uma análise comportamental recente sobre minha pessoa, os argumentos do professor Joseph Forgas fazem todo sentido e são perfeitos para evitar maiores discussões entre uma e outra DR com o namorado (que cisma em reclamar minha atenção a TUDO!), brigas e desavenças com o irmão (que se aproveita da minha falta de pensamento crítico), ou ainda justificar que meu lapso inteligente é totalmente compensado pela minha alegria constante e meus repentes eufóricos (se é que isso tem lá alguma vantagem...).
Fora a leveza sentida a cada sorriso largo escancarado e muitas vezes gratuito que o bom humor me permite (e me é peculiar), acho que a maior vantagem disso tudo é poder me divertir ainda mais com a perspicácia, o senso crítico e o humor inteligentíssimo das pessoas mal-humoradas. Tenho algumas preferidas – que se encaixam bem nesse perfil – e essenciais para que haja o tão desejado equilíbrio das minhas relações interpessoais.
Ainda que polêmico, o estudo esclarece atributos consistentes para que eu reafirmasse a qual grupo realmente eu pertenço. Se a pesquisa sugere que a tristeza promove estratégias de processamento de informações mais adequadas para lidar com situações exigentes, escolho ser alegre para usar e abusar da criatividade, flexibilidade, cooperação e a confiança em atalhos mentais - típicos dos bem-humorados.
Talvez o único aspecto que me desafia a amenizar a euforia do bom humor exagerado é a conclusão de que pessoas tristes são mais capazes de defender um argumento por escrito, o que, segundo o professor australiano, indica que “um humor levemente negativo pode promover um estilo de comunicação mais concreto e bem-sucedido”.
Para uma jornalista, essa análise é um baita balde de água fria, mas como não poderia ser diferente, vejamos pelo lado positivo: já inventaram as pílulas da inteligência e quem sabe assim eu consiga expor melhor outros assuntos e argumentações num próximo texto para o 806.
Melissa Rossi é jornalista por formação e executiva de atendimento na LVBA por opção e obra do destino. Apaixonada pelo fato de a comunicação aproximar pessoas, escolheu ser feliz e bem-humorada, ainda que “cientificamente” seja menos inteligente.
Realmente... nerds são um pé no saco, tapados são engraçados. Fico irritado com a burrice, mas me divirto com a inteligência. Por isso sempre gostei de ser um aluno 80 %. Dá sim para ser um pouquinho inteligente, muito divertido e nem um pouco humilde. rssss
ResponderExcluirCaramba! Mega me identifiquei com esse post. Parece que tudo que foi escrito se aplica a mim tbm. Mel, esquece essa história de ser inteligente e bora ser feliz e alegre sempre! :)
ResponderExcluirBeijos. Parabéns pelo texto, está incrível!