quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Já ouviu falar de Esquel?

Até meados deste ano, honestamente, eu nem sequer saberia dizer sua localização. Mas, como muitos outros brasileiros, chilenos, argentinos e uruguaios, meu destino turístico deste ano mudou de rumo em função do vulcão Puyehue. O primeiro pensamento foi: que azar! Será que depois de 50 anos quieto, tinha que entrar em erupção agora?

O estresse de buscar alternativas, mudanças infinitas de voos, uma vez que nosso roteiro inicial – fazer a nova travessia dos Lagos Andinos, via Pucón até San Martin de Los Andes - ficou impossível com todos os aeroportos fechados, nada foi se comparado àqueles que de fato estavam e estão vivenciando as consequências do vulcão.

Finalmente, um dia antes de embarcarmos, surgiu uma rota alternativa: São Paulo – Buenos Aires – Esquel. Vamos ou não? Minha irmã e eu pesquisamos durante meia hora e decidimos arriscar e tentar algo novo, ou melhor, não planejado. A começar pela hospedagem – liguei para três lugares e em cinco minutos optamos pela Hosteria El Coirón, que recomendo.

E qual não foi nossa grata surpresa com a cidade e seus habitantes! Esquel está localizada no noroeste da província de Chubut, na Patagônia Argentina, em Futaleufú. É a maior e mais importante cidade da região, e suas principais atrações turísticas são o Parque Nacional Los Alerces e a estação de esqui La Hoya. Lindos!

Sua fundação está diretamente ligada à chegada dos galeses a Chubut que – após muitas tentativas de outros colonizadores – sobreviveram às condições locais e iniciaram a povoação perto dali, 25 Km ao sul de Esquel, na cidade de Trevelin (seu nome em galês significa “povo do moinho”, em função do moinho Los Andes, que lá existia).

Em Trevelin, por sinal, não deixe de tomar um chá na Casa de Té Nain Maggi, a mais tradicional do lugarejo, onde provará a famosa Torta Negra, receita criada pelas galesas - incluindo a própria Nain Maggi - que, durante o período de imigração e diante da falta de alimentos, criaram essa maravilha com poucos ingredientes como nozes, frutas secas e licor. O resultado dos tempos difícies é uma verdadeira iguaria, que só de lembrar dá água na boca!

Mas voltando a Esquel, a cidade conta com muitos lagos glaciais existentes em suas imediações, sendo o mais próximo e famoso o lago La Zeta. É também uma ótima opção no verão, pois oferece muitas atrações de turismo de aventura como trekking, cavalgadas, mountain bike, rapel, os exóticos e coloridos túneis de gelo (que se formam no verão), caiaques e a escalada na Pedra Parada. Uma boa opção é conhecer os pacotes das agências locais, como os da Limits Adventure.

Em relação à culinária, Esquel oferece diferentes opções para todos os gostos. Vale a pena desfrutar das trutas e carnes do Las Cumbres Blancas, La Montana, La Barra e Las Bayas e do simpático e delicoso restaurante italiano Don Chiquino. E para comprar alguns “regalos”, além de chás, vinhos orgânicos e diversos produtos regionais, visite a “Mil Sabores” (na Rivadavia, 1054). Não vai querer sair desta tão simpática loja, tanto quanto terá que provar os sorvetes regionais da região, como o de frutas do bosque. Viajar também é um festival de sabores. E se for como eu, um dos primeiros lugares que desejará conhecer é um supermercado para comprar queijos, vinhos e defumados!

Mas, o que mais chamou a nossa atenção, ou mellhor, a atenção dos esquelenses, foi o pequeno grupo de brasileiros que andava prá lá e pra cá, perguntando sobre tudo e que havia optado por permanecer em Esquel. Não sabiam o que fazer por nós! Tivemos, inclusive, o prazer de almoçar em uma cabana típica dos guardas florestais dentro do Parque Nacional Los Alerces. Uma experiência única, que jamais vamos esquecer.

E também recordar das histórias e ensinamentos de pessoas queridas de Esquel e região, que estabeleceram um código de ética para não promover o turismo em suas cidades, e ajudarem na recuperação de Bariloche, que vivia novamente uma calamidade pública e que ainda levará muito tempo para se recuperar. Esquel, em 2008, passou por situação idêntica devido à erupção do também vulcão chileno Chaitén.

E no fim, nós só mudamos um pouco a rota e conhecemos um lugar diferente com pessoas muito amáveis! Se tiver uma oportunidade, não deixe de conhecer Esquel.

Valéria Allegrini já está planejando suas próximas viagens e ainda quer conhecer muitas regiões da Cordilheira, mesmo com a ameaça iminente de novas erupções vulcânicas. Mas já aprendeu a consultar com frequência o Sernageomin - El Servicio Nacional de Geología y Minería.

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