quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A felicidade de ser “Mãe”drinha

Desde sempre gosto de criança. Na verdade tenho uma teoria de que filho dos outros é melhor que filho da gente, já que é possível devolvê-lo para os pais quando começam a chorar ou quando você está com a paciência esgotada. Sei que esta teoria será quebrada quando eu tiver um filho, mas até lá...

Minha paixão por criança me rendeu dois filhos postiços, ou afilhados. E eles são tudo na minha vida! O melhor de ser madrinha é que eu pude entender mais de perto o que é a tal felicidade de ser mãe, já que, de uma forma ou de outra, eles são meus filhos.

A primeira alegria foi a chegada do Leonardo em 2006. Ainda na barriga da mãe, ele pulava feito cabrito quando ouvia a minha voz ou quando eu cutucava a pança da minha comadre. Eu falava para ele: “moleque, a prima Dani chegou”. E ele começava a se mexer! Nesta época eu nem sonhava em ser madrinha do Léleo. O presente me foi dado um pouco antes de ele nascer, pois a mãe e o pai dele entenderam que o moleque havia escolhido a própria madrinha.

E foi com o Leonardo que aprendi o que é ser madrinha. Não é fácil exercer este papel e também não é fácil aceitá-lo, já que a responsabilidade é tremenda: ser madrinha é ser mãe, é assumir responsabilidades com relação à vida e a segurança de uma criança, que nem foi você quem gerou. Com o Leonardo aprendi a sentir coisas que só as mães sentem: um amor infindável misturado com pitadas de medo, responsabilidade, insegurança, felicidade e vontade de ser eterno, para poder acompanhar tudo o que acontecerá na vida deste serzinho sem perder nadinha.

Além de todas as responsabilidades que envolvem o papel de ser madrinha, existem também muitas coisas boas, como a cumplicidade, o companheirismo, as descobertas e a possibilidade de fazermos muitas coisas juntos. Minha comadre sempre me deu a liberdade de agir com o Leonardo da forma como eu quisesse. Diante desse passe livre, instituí uma única regra na minha relação com o meu “porqueira”: ele não pode me chamar de qualquer outra forma que não madrinha. E ele obedece. É como se ele me chamasse de mãe. E isso enche meu coração de alegria.

Foi comigo que o meu filho torto comeu chocolate pela primeira vez. Lembro da carinha dele até hoje; sua face apresentava traços de repulsa – gerados pela textura do chocolate – e de realização, pois estava sentindo um gosto que nunca havia sentido antes. O primeiro kit de pintura com o dedo foi um presente da madrinha: serviu para pintar um carrinho de madeira, o chão da sala, a parede do quarto e também para saber que gosto tinha. Sorte que o guache era atóxico! O primeiro dedo na cobertura do bolo foi uma cena incrível. Ele gostou tanto de fazer, que nunca mais abandonou a prática e sempre se refere a mim quando meleca o dedo em algum bolo. As primeiras massinhas de modelar, os primeiros desenhos de colorir, os primeiros segredos de amor... Uma infinidade de “primeiras vezes” marcam nossa relação.

Toda vez que penso em ter um filho, peço a Deus que ele seja minimamente parecido com o Leonardo, e que nossa relação seja permeada pelo amor e pela cumplicidade que existe entre nós. Ah, vale ressaltar que o Leléo me ensinará tudo que preciso saber sobre como cuidar de uma criança, já que ele possuí larga experiência no ramo por conta do seu irmão mais novo.
Deixando o meu primeiro filho de lado, só um pouco, mais recentemente tive novamente a alegria de me sentir “mãe”. O presente veio da minha amiga de infância e se chama Henrique. Com ele ainda não tive a chance de realizar algumas primeiras coisas, pois faz tempo que não encontro meu reizinho. Culpa toda minha, mas em breve vou me desculpar com ele e começar a fazer tudo aquilo a que temos direito!

Apesar de não serem meus filhos de sangue, estes dois pequenos seres mudaram a minha vida, a minha forma de amar e trouxeram para os meus dias muita alegria e vontade de continuar a seguir em frente. Não gerei nenhum dos dois, mas o amor que sinto por eles é incondicional e me deixa provar um pouquinho do gosto bom de ser mãe.


Dani Mesquita é apaixonada por seus afilhados e se sente mãe de cada um deles. Enquanto não gera seus filhos, curte os rebentos alheios e aproveita para devolvê-los aos pais, já que não poderá fazer isso com os dela.


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