A mania de perfeição nunca me foi uma característica muito amigável. Quase sempre dei com os burros n’água buscando respeito dos demais. Agora que também questiono mais o caos urbano, afinal morar em São Paulo ensina muito disso, enxergo quase todo dia mensagens veladas do tipo: eu toco a minha vida e você que toque a sua.
Quase não existem atendimentos na prestação de serviços em que se veja a postura de pensar que dúvidas o consumidor ou o cliente realmente tem ou precisar não ter. A rapidez em que tudo deve acontecer na cidade grande não permite perder mais de cinco minutos com ninguém, nem sequer questionar se alguém tem algo mais a perguntar.
Vai demorar? Volto depois. Me passa por e-mail. Todas frases que devemos pronunciar diariamente. E onde está o: que tal pararmos e conversar sobre o tema? que informações você precisa? e posso ajudar em mais algo?
O que se ver são atos impensados. Gente pagando R$ 50 para deixar o carro na rua depois de pagar mais de R$ 200 só para ver um show de bandas de rock no meio até da lama. Apropriação do espaço público por manobristas de bares e restaurantes de luxo. Quem disse aos habitantes que pagar o que for pedido é solução? E quando mais e mais pessoas não tiverem como pagar por certas coisas? Os pobres ficaram enclausurados e os ricos soltos procurando quem os sirva?
Olhar no fundo do olho, pensar um pouco mais quando se está falando com o outro e não chutar aquele que já é um moribundo ficaram no passado para a maioria dos ditos cidadãos do mundo. Atraso? Não aceitação dos tempos modernos? Nada disso. Falo é de falta de respeito. Falta de respeito com o próprio tempo. Falta de autoconhecimento. Falta de amor pelo sentimento que nunca sairá do peito daquele que simplesmente aceitou o concreto no coração. Afinal, é mais fácil não sentir, não é?
Sejamos modernos, sejamos cosmopolitas, sejamos antenados, mas sejamos ainda humanos. Não somos cidades de pedras, somos seres vivos, frágeis e mortais.
Ada Mendes é jornalista, especializada em economia, e adora um dicionário de português. Veio lá de Fortaleza, mas gosta de ser vista como cidadã do mundo. O panqueique.blogspot.com é o seu cantinho de falar bobagem.
a palavra humano deriva de humus, ou seja, a gente tem que se lembrar com certa humildade e grandes doses de gratidão a nossa origem, afinal ser humano é ser fecundo, é uma dádiva, somos o azeite que move o planeta... esquecer isso é desprezar a graça da vida! o bom é se emocionar sempre!
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ResponderExcluirGostei amiga, que bom que SP não te endureceu, imaginava que você já podia ter se tornado: "volto depois, passa por email"... se cuida bjao
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