Recentemente, tive uma experiência bem interessante, que comprova algo que já havia constatado. Meu sobrinho, de um pouco mais de dois anos, trocou uma grande TV de LCD por um computador, de 15’. Nas duas telas, o conteúdo era infantil. Mas então qual foi o diferencial? Na web, o menino acessou o conteúdo que melhor lhe convinha, na hora desejada. A internet ofereceu a ele algo customizado e isso justificou a preferência. Ele e todos nós não dependemos mais das programações engessadas da televisão.
Para entender a influência da internet, sobretudo, nos jovens é preciso reconhecer dois fatos, apontados por Pierre Lévy, um dos mais lúcidos filósofos e professores de nossa atualidade. Diz ele: “o crescimento do ciberespaço resulta de um movimento internacional de jovens ávidos para experimentar, coletivamente, formas de comunicação diferentes daquelas que as mídias clássicas nos propõem. Em segundo lugar, que estamos vivendo a abertura de um novo espaço de comunicação, e cabe apenas a nós explorar as potencialidades mais positivas deste espaço nos planos econômico, político, cultural e humano”.
Em minhas pesquisas sobre cibercultura, levantei algumas características sobre esta tal de geração “C”, a que nasceu conectada à internet. A saber,
- Não diferem real e virtual;
- Facilidade para atuar em rede, grupo, explorar o conceito de coletivo;
- Dominam amplamente a nova linguagem, resultante da web;
- Se baseiam em informação digital e customizada;
- Necessidade de compartilhamento de idéias e opiniões;
- Relacionamentos e vínculos criados e desfeitos mais facilmente;
- Entendem a web como uma extensão de suas personalidades reais;
- Vivem a cultura de uma informação “sem dono”;
- Confiam mais em seus pares.
Para entendermos melhor o significado do comportamento desta nova geração, vamos destacar alguns traços de gerações anteriores – a minha e a de meus pares,
- A vida, de verdade, é só o real;
- Preconceito de diferentes níveis contra novos nichos e tendências;
- Relacionamentos baseados nas práticas tradicionais;
- Conhecimento nos meios de informação tradicionais;
- Inabilidade para lidar com novas tecnologias;
- Vínculos estáveis;
- Mistura de velhos com novos valores culturais;
- Respeitam fontes e formadores de opinião;
- Resistência para mudanças.
Analisando um pouco a história, constatamos que os novos meios não anularam os anteriores. A escrita não morreu tampouco o rádio e o cinema. A internet não decreta o fim da TV, apenas a estimula a mudar: tornar-se mais interativa, colaborativa e com conteúdos customizados e muito mais diversificados.
Rodrigo Padron é jornalista e especialista em mídias sociais. Tem pós-graduações em Marketing e Comunicação Empresarial. Gerencia os projetos da Nokia do Brasil na LVBA e edita o blog Ponto de Desequilíbrio.
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