quinta-feira, 5 de julho de 2012

keep calm and run

Acordo bem cedo...

Enquanto tomo meu café da manhã, meticulosamente imaginado na noite anterior (é difícil pensar com clareza logo cedo), olho pela janela e percebo que o céu ainda está estrelado, fato que me faz querer muito voltar para a cama e retomar o sono...

Persisto.

Confiro o kit pela terceira vez... Acerto os alfinetes e o número do peito.

No carro, seguindo para o local da prova, percebo que o sono já deu lugar ao friozinho na barriga que vai me acompanhar até a largada. Nos arredores, percebo pessoas que, vestidas e aparatadas exatamente como eu (camiseta, tênis e fones de ouvido), devem estar sentindo o mesmo.

Tá. Tudo bem. Em algumas modalidades a corrida pode até ser considerada um esporte individual, mas é preciso admitir: solitária ela não é.

E sabe o que é mais engraçado? Olhar para um número tão grande de estranhos e, ainda assim, sentir que estas pessoas – este incrível número de rostos que nunca vi e de histórias que nunca ouvi – integram a mesma equipe que eu, e que somos parte de um time cada vez maior...

Exagero?

Bom... pra mim, não.

Sabe? É a primeira vez que me apego a um esporte. Quer dizer... Sempre gostei de nadar, mas mesmo quando eu praticava, qualquer desculpa era suficiente pra me afastar das piscinas...

Pra ser sincera, acho que apesar de cordial, minha relação com o esporte sempre foi assim... distante. Era difícil entender, por exemplo, por que diabos as pessoas choravam assistindo futebol...

E o estalo só aconteceu durante a primeira prova de que participei...

Pode parecer estranho, mas quando percebi o pelotão de elite passar voando por mim, enquanto (com muito esforço) eu ainda lutava para completar meu segundo quilometro, não consegui segurar o choro... Mas não foi aquele choro de quem sofre uma derrota vergonhosa... não... As lágrimas eram de admiração. Eram minha forma de demonstrar felicidade por aqueles que deram passadas (ok... passadas muito mais rápidas que as minhas) naquela mesma trilha... eram um sinal cúmplice para aqueles que sabiam exatamente o que eu estava passando ou sentindo, porque também já haviam passado por uma primeira prova.

Mas o fato é que, a partir daí, as lágrimas viraram habituais...

Mesmo acompanhando a distância, não consigo mais conter a emoção de perceber pessoas superando desafios...

Chorei assistindo à Maratona de São Paulo, por exemplo, da mesma forma e com a mesma intensidade com que chorei ao acompanhar, na última prova do Circuito das Estações, os metros finais percorridos por um cara que usava uma prótese e por uma garota de muletas. Com eles, além das lágrimas, dividi também alguns gritos (que atribuo à endorfina) e o sorriso, que é a marca universal da superação.

Cada um teve um motivo pra começar, pra resistir e pra continuar. E por mais diferentes que estas razões possam ser, todos compartilham de um mesmo objetivo: chegar ao final.

Acredite... Na corrida, não é você contra você mesmo. É você a seu favor.

Então, keep calm and run, baby, run.

Camila Pires está triste porque não vai conseguir participar da próxima São Silvestre, mas já está se preparando para 2013...

3 comentários:

  1. Muito inspirador, Cá!
    Que venham os próximos desafios (e quilômetros)..
    Keep running, baby!

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  2. É muito legal acompanhar essa evolução esportiva-espiritual! Parabéns!

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