quinta-feira, 14 de junho de 2012

O saco sem fundo


Poucas coisas me irritam tanto como as constantes denúncias de corrupção, em todos os níveis de nosso Governo. Na verdade, não são as denúncias que me irritam – elas inclusive ajudam ou deveriam ajudar a combater esse mal – mas a constante “cachoeira” de incidentes, todos envolvendo milhões de reais, que despeja, todos os dias, novos fatos sobre uma velha prática.

Por que isso me irrita tanto? Primeiro, porque tira de quem precisa para entregar a quem não merece. O desvio de verbas de educação, saúde, limpeza pública, transportes e outros tantos itens prejudica a sociedade como um todo, encolhendo cada vez mais um orçamento que, por si só, é sempre mais restrito que a necessidade.

Segundo, porque os envolvidos sempre são aqueles que deveriam zelar pelo dinheiro público, protegendo a sociedade – uma versão atualizada da raposa tomando conta do galinheiro.

Terceiro porque, na eventualidade de alguma denúncia ser acolhida, o período de tempo entre essa denúncia e as medidas legais de punição, incluindo recursos, etc., leva tantos anos que todos nos esquecemos da causa – isso quando a punição não se limita a uma aposentadoria compulsória, paga por nós, ampliando o rombo da Previdência; belo castigo!

O que me incomoda, porém, é a percepção de que as pessoas já estão cansadas disso tudo. A sucessiva e avassaladora produção de denúncias tem contribuído, principalmente, para a banalização do problema, transformando a corrupção num “estilo” de vida.

É frustrante, sim, mas não podemos desistir. Precisamos continuar reclamando, denunciando, protestando.

E, principalmente, fazendo a nossa parte, para acabar de vez com esse saco sem fundo.

Flavio Piccolo é Diretor Financeiro da LVBA

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