quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Três séries de quinze – minha tortura na academia

Quem me conhece, sabe. Até já fiz alguns exercícios. Era de correr na infância, joguei muito futebol na adolescência, corri de kart provavelmente umas 50 vezes na vida, mas ultimamente, o sedentarismo anda forte. Meus exercícios se limitam a parcas voltas na praça do lado de casa e esporádicas caminhadas com a cachorra. Minha ainda esbelta forma só se deve a uma afortunada condição genética e alguns sacrifícios durante a semana.
Não procuro por exercícios. Admito que cheguei ao fundo do poço do ócio físico - e estou bem assim.

Não obstante, fui "raptado" por dois amigos-da-onça na última noite de segunda-feira. O objetivo: fazer com que eu me integrasse ao "Projeto Verão 2012". Os dois também são sedentários, mas mais preocupados que eu.

E uma noite que tinha tudo para ser regada a episódios já vistos de "Friends" e "Two and a Half Men" tornou-se um martírio fransciscano. Ganhamos uma semana grátis na academia perto de casa. Francamente, quem quer ganhar algo assim?! Presente de gosto duvidoso.

Fato resumido, tive que passar por todas aquelas máquinas infernais que faziam parte de um passado distante (sim, eu frequentei academias nos loucos anos 1990). O cheiro de suor nos colchões comidos, o calor do corroído metal nas mãos, o típico ambiente formado pelos ratos de pesos e moças que acham que são cobiçadas por todo mundo no local não se comparam ao infeliz sentimento de seus músculos queimando de dor em cada uma das intermináveis e já clássicas "3 séries de 15".

Três - com todo o respeito - o cacete! Elas mais pareciam uma progressão geométrica do inferno. Sádico, o bombado instrutor não fez questão alguma de diminuir as cargas. Pegou pesado mesmo, e enquanto eu cumpria o longo ritual, meus músculos pareciam se perguntar entre eles o por quê d'eu fazer aquilo. "Sério, estamos quietos no nosso canto. Por que mexer conosco?"

Ainda não sei a resposta. Ou seria o tal do "Projeto Verão 2012"? Não importa, pois a tréplica virá: esses mesmos músculos darão suas respostas no dia seguinte. E não será nada legal.

Não fizemos o alongamento no fim. Segundo o amável instrutor, há uma recente pesquisa na USP que mostrou que, em musculação, nada deve ser alongado, pois é "melhor assim." Fiz uma rápida pesquisa na web agora pouco e encontrei justamente o contrário. Como agora já é tarde para alongar, que me desculpem de novo: instrutor filho da mãe!

Cansados, suados, destruídos, saímos de lá. Em nossas mentes, a sensação de dever cumprido. A endorfina começava agir, elevando nosso espírito. Fortes como nunca, deixamos o recinto certos de que o projeto começou da maneira apropriada. No pain, no gain, diriam os gringos. O prazer de realizar um exercício conseguiu compensar toda a dor que passamos? Não sei.

Mas o chopinho no boteco que paramos do lado de casa nunca esteve tão gelado.

Luis Joly (http://jacksenna.blogspot.com) é um recorrente deste blog. Sem criatividade no momento, não sabe muito o que dizer dele, a não ser que está fazendo um curso de teatro para executivos na FAAP que está mudando muito na vida dele. Odiou “Árvore da Vida” e, desde hoje, passou a gostar de cenouras cozidas (antes, ele só as comia cruas).

2 comentários:

  1. Aaaah, as malditas 3 séries de 15... Impossível completá-las sem aquela feição de tristeza, aquela dor no olhar. E viva o choppe gelado!

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  2. Bom texto. Resume a minha opinião, exceto o fato de que nunca fui malhar.

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