quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Os sonhos que persistem

Adolescente nos anos 70, filha de pai jornalista/sindicalista, saí da ECA em 1984 empolgada com tudo o que poderia fazer para mudar o mundo. É, eu realmente acreditava nisso. Acreditava que, ao atuar num grande jornal, poderia ter liberdade para transmitir informações que abrissem os horizontes das pessoas, que mostrassem novas possibilidades para que cada um pudesse fazer sua parte na construção deste “mundo melhor”.

Os mais jovens certamente acharão que era muita ingenuidade, mas quem viveu aqueles tempos sabe que a maioria realmente acreditava no poder das palavras que saíam das velhas máquinas de escrever. E, mesmo numa nova perspectiva, eu talvez ainda continue um tanto ingênua e idealista. Claro que o choque de realidade fez com que os sonhos mudassem, mas eles ainda estão aí.

Afinal, para que levantar da cama de manhã, me despedir da família e passar o dia na agência, escrevendo e falando com clientes e entrevistados, se não apostar que meu trabalho faz alguma diferença? Sim, preciso trabalhar, preciso do meu salário, mas, acima do tudo, preciso fazer algo de que goste e que tenha sentido. Preciso imaginar que em alguma fábrica ou loja de nossos clientes, alguém teve a chance de tornar sua rotina no trabalho mais agradável e produtiva ou aprendeu como cuidar mais do seu bem-estar, ao ler alguma de nossas publicações. Muito otimismo? Acho que não. Apesar do bombardeio de informações vindas de todas as mídias, é importante a troca que existe dentro do ambiente corporativo. São dicas de quem está próximo, compartilhando a mesma realidade e que, por isso, podem ser mais úteis e confiáveis do que as informações que vêm de longe.

Podem achar que estou forçando a barra, mas tenho a convicção de que não. Para que o prazer que tenho ao escrever seja completo, é preciso que esse trabalho tenha uma função. E continuo acreditando que as palavras – que agora saem de computadores e, muitas vezes, ficam em intranets sem ir para o papel – chegam ao nosso famoso público-alvo e levam algum benefício para a vida dele. Quem sabe, devagarzinho, a gente não está contribuindo para construir o tão sonhado “mundo melhor”?

Sonhadora, mas com o pé no chão, Silvia Braido é jornalista há 26 anos. Depois de passar por redações de jornais e revistas, espera estar deixando alguma marca fazendo publicações corporativas, função que exerce há cerca de quatro anos.

3 comentários:

  1. Não tenho dúvida de que você contribui para um mundo melhor, Silvia. A sua inteligência e delicadeza já seriam suficientes para fazer bem a quem está próximo de você. E esses elementos quanto traduzidos nos seus textos ganham um merecido alcance para tornar a rotina de muitas outras pessoas mais agradáveis, tenho certeza. Sou seu fã e disso vc já sabia! =)

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  2. Si,
    Sou sua fã incondicional!!! E me sinto privilegiada de ter trabalhado ao seu lado. Sou sortuda mesmoooo! Teu respeito pela informação e a falta de preguiça em fazer sempre um texto gostoso são únicos. Você é uma profissional maravilhosa, que inspira até mesmo aqueles que estão nessa estrada faz tempo. Te adoro!

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  3. Bruno e Silvia Lenzi,
    Não sei porque mas imagino que alguém ficou com os olhos cheios de lágrima lendo os comentários de vocês...
    Só que tudo o que vocês disseram é pura verdade: a Silvia é a quimica que conseguiu unir sensibilidade com profissionalismo.
    Beijos a todos!

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