quinta-feira, 11 de março de 2010

Quero a vida inteira...

Eu nunca fui muito fã das quartas-feiras. É bem o meio da semana e... Ainda que já tenha se vivido metade dela, ainda há outra metade pela frente... Preguiça! Mas, ontem, especificamente ela teve um gostinho diferente; mais amargo no começo. Uma notícia nada legal chegou aos meus ouvidos logo pela manhã: um tio muito querido havia falecido durante a madrugada. Por mais que toda a família já esperasse por isso – afinal era realmente uma questão de tempo –senti uma tristeza invadir o corpo e não contive as lágrimas que teimaram me acompanhar por todo o percurso de casa até o trabalho.

Por detrás das lentes dos óculos escuros, meus olhos externavam o que por dentro eu não conseguia evitar sentir, aceitar e admitir: por que a gente fica tão preso a uma rotina segunda à sexta, 9h às 18h, compromissos, metas, objetivos, tarefas? O dia, as horas, o tempo... tudo passa de forma tão “batida” e não se percebe o quanto das pessoas nos é levado embora, pouco a pouco... Chorei por isso também! E por mais outros motivos que se multiplicaram por cem!

A perda não era sentida apenas pela morte e despedida de alguém; esta era principalmente revelada pela dura certeza de que a cada dia, hora, escolha, tempo passado ou vivido, deixa de fato coisas e/ou pessoas “para trás”. Tempo que não volta mais... Fiquei pensando nos três meses em que poderia ter feito uma visita ao meu tio internado na UTI e não fui... Mas em seguida, resolvi pensar em todos os momentos felizes e incríveis que pude compartilhar em quase 20 anos de convivência dele como membro de nossa família...

Foi a melhor escolha e certamente aquela que de fato confortou essa deveras sensível, inquieta e questionadora sobrinha: vale o que fizemos, ainda que pareça pouco. Voltando às quartas-feiras, devo admitir que elas tenham seu valor; afinal é nessa metade que eu posso decidir se quero fazer diferente a outra metade que está por vir.

E... Se a vida hoje em dia é ‘full time’ total, que seja assim! Pela metade não se vive até o fim.

Melissa Rossi é jornalista por formação e executiva de atendimento na LVBA por opção e obra do destino. Foi sempre em sua família que encontrou - e até hoje encontra - as raízes e os pilares mais fortes que sustentam os valores e princípios pelos quais a faz acreditar que a vida é um presente e um eterno celebrar. Talvez seja por isso também que ela goste tanto do aniversariar.

7 comentários:

  1. É sempre bom lembrar que se você deseja fazer algo, que faça logo. A maior felicidade de toda uma vida pode acontecer em um simples instante.

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  2. Que bonita! Um texto que inspira um "Viva" - ou melhor: um "Vivamos!".
    =)

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  3. Melissa , cada vez que vejo você , ou lei alguma coisa q escreva , sinto um orgulho de Tia de verdade !!! Mesmo que eu não goste q me chame assim , esse orgulho é imenso !!!
    Sinto no que escreve , sua alma , não é um comentarista narrando um fato , é um roteirista dirigindo a cena de um filme !!!
    Parabéns !!! Bom saber ainda , que a base de toda sua crença e alicerces , estão na sua familia , na nossa familia , e para mim , é o mesmo . Meu sucesso só existe se tiver um fundamento ético como fui criada !
    Te amo , Neusa Rodriguez

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  4. "Hoje o tempo voa, amor, escorre pelas mãos mesmo sem se sentir que não há tempo que volte..."
    Lindo texto, love u, fique bem.
    Bjo

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  5. Mê "querida", sabemos e está científicamente comprovado, que a genética transfere nossas características aos nossos descendentes, mas sei também, que no nosso caso ela é muito forte e não é na parte física. Li o seu lindo texto e plagiando a "Tia" meu orgulho e emoção fez bater mais forte o meu coração, até por que me enquadrei em alguns detalhes ali descritos por você. Também não fui vê-lo, apesar de ter pensado nisso muitas vêzes, mas rezei por ele e agradeci os bons momentos que compartilhamos. Após uma perda, sempre me confortam as boas lembranças deixadas por aquele que se foi.
    Filha, é muito bom saber que a pessoa incrível que você é, se pauta nos ensinamentos da nossa família, que realmente é fantástica.
    Te amo muito.
    Mamma "coruja"

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  6. mel,

    texto redondinho para quem anda vivendo "la vida loca" ,no limite do tempo, na correria ... faz repensar o tempo com os amigos, com a familia, com vc mesma ... tempo para se olhar e se cuidar - coisa que ultimamente tenho passado batido ...
    palavras inspiradoras as suas!
    beijos,
    ju

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  7. mel.. texto sensível como a vida deve ser.
    adorei. e parei pra pensar. espero aproveitar minha vida por inteiro sempre. estar 100% em todos os momentos, sejam eles bons ou ruins.
    beijos, querida!
    e ah! ser taurina é isso. :)

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