quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Comunic-AÇÃO

Agora não entendo bem o motivo de ter levado um chacoalhão, mas que levei, levei. Talvez porque tenha sido tão óbvio, e a gente sabe o quanto o óbvio às vezes choca. Mas deixa de nhém-nhém-nhém e vamos direto ao assunto.

A chacoalhada veio quando assisti a uma palestra de Alejandro Formanchuk, Presidente da Associação Argentina de Comunicação Interna e especialista em comunicação corporativa. Foi no Seminário Internacional “Desafio global: comunicar-se com todo mundo em qualquer lugar”, realizado no dia 3 de agosto pela Abracom, a Associação Brasileira das Agências de Comunicação, da qual Gisele Lorenzetti, diretora-executiva aqui da LVBA, é presidente.

Acho que foi por ver tantas vezes acontecer o que Alejandro relatou que pensei: “opa, deixa eu prestar atenção nesse moço”. Se você é comunicador corporativo, vai entender. Pois veja.

“Quando peço para as empresas me mostrarem seus planos de comunicação interna, imediatamente me apresentam uma planilha Excel: campanha antitabaco em agosto, intranet com atualização diária, mural perto da máquina de café renovado semanalmente, revista mensal. Sempre digo que isso não é um plano de comunicação, é um plano de meios, e nem é preciso pagar um comunicador para fazer. Se você só me permite trabalhar com meios, não posso fazer mudanças, só posso levar informação, e isso não é comunicação interna”.

A afirmação veio acompanhada de uma provocação sobre qual herança podemos deixar para as organizações às quais servimos como comunicadores. Deixaremos apenas uma intranet bem alimentada e uma revista bem diagramada? “Comunicação interna não é uma newsletter ou uma área dentro da empresa: é a essência da organização. Comunicação é a transformação da cultura organizacional; cultura é a comunicação em movimento”, cutucou o argentino.

E antes que os comunicadores ali presentes pudessem perguntar “como hacer”, veio a resposta: “O primeiro passo para a comunicação transformadora é sair da logística para a influência: a mensagem não só precisa chegar, mas ser revertida em uma ação. Para isso, o receptor tem que entender e aceitar a mensagem. E ele só irá fazer isso se acreditar no que está sendo divulgado. O mais importante para um comunicador é ter credibilidade, esse é o único capital para ter sucesso em comunicação”.

Alejandro mencionou ainda que o desafio – e quem atua na área bem sabe - é deixar claro para os líderes da empresa que eles são o verdadeiro departamento de comunicação interna. “Da forma de liderar, passando pela maneira de atrair clientes, até as ações de recursos humanos, tudo é comunicação interna”, cravou o especialista emendando: “Como posso fazer comunicação e, portanto, transformação, se a organização não mudar? Não posso obrigar as lideranças da empresa a seguirem um caminho, mas posso alertá-las sobre o impacto que uma determinada decisão poderá causar. E não venha depois pedir para reverter no mural, porque não vou conseguir”.

E como Alejandro lia meus pensamentos sobre a missão hercúlea que é convencer as lideranças corporativas, logo acrescentou: “Esqueçam o ego e exercitem a paciência”.

Recado copiado, afinal, comunic-Ação é movimento, não duvidemos de nada. Sigamos, “pero sin perder la ternura jamás”.

Patrícia Gonçalves é jornalista com 16 anos de experiência em televisão, assessoria de imprensa e comunicação corporativa. Tem asas nos pés, pergunta muito e procura tudo, mas não sabe se vai achar.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Começando pelas férias

Entrei para o mundo das Relações Públicas, em 2009, quando ingressei na universidade. Sem conhecer a fundo a profissão, mas entendendo sua função de relacionamento com públicos, tinha a certeza de que estava fazendo a escolha certa. Depois de um ano e meio, já me identificava com o que estava estudando, mas minha frustração era não trabalhar na área ainda.

Participei de muitos processos seletivos até que surgiu a oportunidade de coordenar a assessoria de comunicação de uma Agência Experimental da Unesp, a Agência Propagação. O trabalho era fantástico! Coloquei meus conhecimentos em prática, estudei novas formas de comunicação e trabalhei por um pouco mais de um ano com pessoas incríveis de outros cursos da Unesp. Quando completei três meses nessa agência, entrei para a Empresa Júnior de Relações Públicas (RPjr). Comecei a trabalhar em dois mundos muito diferentes, porém com o mesmo objetivo de estimular o empreendedorismo no jovem universitário. Estive na RPjr por um ano e meio, trabalhando com meus veteranos e calouros, que me ensinaram muito.

Em outubro de 2011, assumi a Diretoria de Projetos e passei a gerenciar o Meeting 2012, um encontro entre estudantes e profissionais de relações públicas, promovido pela RPjr desde 2009. O Meeting aconteceu em abril e um dos convidados foi Flávio Schmidt. Utilizei o contato feito com ele para conhecer um pouco mais do mercado das Relações Públicas e pedi sua ajuda para a realização de um estágio de férias em uma agência de RP. Fui indicada para trabalhar por um mês com a equipe da LVBA e aqui estou!

A agência topou o programa e me recebeu nesse período, em que pude conhecer todas as suas áreas e processos e atuar um pouco em cada um. Ajudei com mídias sociais, eventos e aprendi um lado novo do relacionamento com públicos: as ações realizadas por meio de assessoria de imprensa. Consegui entender como essa estratégia é extremamente importante para a construção da imagem da empresa diante de seus diversos públicos e como a união desta ferramenta com outras de RP é capaz de transformar a comunicação e o relacionamento.

Não foi apenas o aprendizado profissional que me encantou durante esse mês, mas também a equipe unida e superatenciosa. Fui recebida de modo acolhedor por um time que compartilhou sua experiência e prática. O trabalho realizado foi de muito valor para a minha vida profissional e fiz contatos que nunca esquecerei.

Cursando o último semestre de Relações Públicas na Unesp de Bauru, minha passagem pela LVBA, sem dúvida nenhuma, mostrou quanto gosto e admiro minha futura profissão. Hoje tenho certeza que quero ser uma RP. Deixo a equipe da LVBA com um sentimento de saudade e respeito, além de estar muito satisfeita por ter vivido uma oportunidade que superou todas as minhas expectativas.

Mariana Carareto, mais uma no bando de loucos, ama sua família, adora estar com os amigos e, atualmente, é apenas uma estudante repleta de sonhos para o futuro.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Te cuida, Cartier-Bresson!


Te cuida, Cartier-Bresson!
Sou do tempo em que você fazia fotos e ficava torcendo para que tudo desse certo. Aí, mandava revelar e, quando recebia o resultado – as fotos – é que ficava sabendo a quantidade de bobagens que tinha feito: imagens mal enquadradas, cabeças cortadas, luz em excesso ou em falta. Tudo era permanente aprendizado.
Hoje, com a profusão de câmeras digitais e de celulares com câmeras fantásticas – os da Nokia, por exemplo, usam lentes Weiss – em uma semana você tem um acervo brutal de fotos. Ok, elas não ocupam espaço em casa, mas o que fazer com elas?
Eu uso sites de compartilhamento de fotos, como o flickr que permitem postar essas fotos e aprender com os seus contatos. Porque fotografia continua sendo uma atividade de contínuo aprendizado.
Discussões à parte, há cursos, livros, blogs em profusão, falando de fotografia e ensinando fotografia. O caso é que fotografia se aprende fazendo, porque o essencial não é usar equipamento de primeira, softwares fantásticos ou tratamentos de última geração, como o photoshop ou o instagram . O que importa, mesmo – pelo menos para mim – é o olho. É gostar de fotografia. É a tentativa e erro. É a história por detrás de cada foto. Os acertos diários e os erros de cada dia que fazem com que fotografia seja, cada vez mais, uma paixão. Experimente.
Flavio Valsani continua sendo um principiante em fotografia e sempre entusiasmado com o assunto.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Viajando com um smartphone

Há algumas semanas, voltei de uma viagem à Europa. E tive a vontade de escrever isso no blog da empresa que represento aqui na LVBA, a Nokia, mas decidi não misturar canais e, portanto, escrevi essas palavras no meu blog pessoal. Agora, a pedido da agência, replicado aqui no 806.

Já trabalho com telefonia celular há alguns anos - quase oito, na verdade. De lá pra cá, uma revolução aconteceu nesse mercado - e continua acontecendo. Nunca tive, porém, a experiência de realmente usar um produto fora do país, durante uma viagem. No exterior, meus celulares sempre se limitaram a, no máximo, serem usados como câmeras. E isso quando as câmeras em celulares já estavam muito boas, o que não aconteceu até pouco tempo.

Pois bem, nesta viagem resolvi utilizar bastante meu aparelho. A começar pela internet. Afinal, smartphone sem internet nos dias de hoje é mais ou menos como computador desconectado. Fica meio estranho, né? Então, aderi ao plano TIM Passport, para usar internet fora do Brasil sem preocupação.

Qual foi o produto usado por lá? Levei dois. smarts e um acessório. O Nokia N9 foi meu companheiro inseparável durante quase toda a jornada. Como backup, um Lumia 800, mas que nem precisou sair da mochila. Junto com ambos, mais um item essencial: um carregador portátil. Funciona de maneira simples: você deixa esse carregador portátil, pouco maior que um cartão de crédito, carregando durante a noite no hotel. Aí, ao longo do dia, se a bateria do seu celular acabar, é só conectar o carregador nele e voilá, ele carrega como se estivesse na tomada. O carregador não foi usado todo dia, mas vale prevenir, né? Os smartphones avançaram muito mais do que as baterias, então, ter uma carta na manga desse tipo é fundamental para você não ficar na mão - tecnologicamente falando.

O que mais levei? Uma câmera fotográfica dedicada - a câmera de 8 megapixels do meu telefone cobria a maioria dos momentos, mas na hora em que o zoom é importante, ela fez diferença. Além disso, gravar vídeos no celular também consome bastante bateria - então, a câmera também ajudava nessas horas. E, finalmente, um fone de ouvido, daqueles que entram na orelha (legado do querido N900).

Antes de embarcar, também pensei em outros pontos: carregar meu telefone com aplicativos que seriam úteis. Bem, sabemos que o forte do N9 não é sua oferta de apps, vasta como a do iPhone ou Android, mas ele deu pro gasto. Primeiro, e principalmente, pelo Nokia Mapas. E falarei dele daqui a pouco. Também baixei um app para fotos panorâmicas e um guia de viagens. No Lumia 800, levei o Trip Advisor instalado, que acabou não sendo necessário.

Bem, o meu smartphone foi bastante útil de diversas formas, então vou elencá-las de acordo com a prioridade. Vale lembrar que, sendo este um post pessoal, minhas opiniões são absolutamente isentas de favorecimento à Nokia, ok? Desta forma, o que falo a seguir é o que realmente acredito, e não "papo de vendedor".

Mapas - sem dúvida, o uso do GPS foi incrivelmente agradável e gostosamente surpreendente. A solução de mapas da Nokia é altamente eficaz - afinal, a empresa é dona da NAVTEQ, empresa de base de dados de mapas. Ou seja, a solução está dentro de casa.

Dirigindo em São Paulo, o principal uso do GPS acontece na orientação por voz, em português e com nomes de ruas. Ajuda muito no trânsito e já me faz lembrar com distância da época em que usava aqueles pesados guias de ruas embaixo do banco do carro. Mas, no exterior, o esquema foi outro. Afinal, eu usei os mapas, essencialmente, caminhando.

A primeira vantagem: os mapas estão dentro da memória do aparelho. Antes de viajar, em casa e conectado ao Wi-Fi, entrei no aplicativo de mapas e baixei as cidades que visitaria (Londres e Paris). Isso significa que, para ver os mapas, não precisei conectar na internet. Os mapas funcionaram totalmente offline. Muita gente que não entende muito de tecnologia acha que usar o GPS significa conectar à internet. Qual a resposta? Depende. Se o seu smartphone usa o Google Maps (a maioria é assim), aí você vai precisar se conectar para baixar os mapas. O Google Maps no celular é bem rápido, mas você precisa ter uma conexão ilimitada de dados ou terá um susto quando ver a conta (ou precisa ter um plano de dados ilimitado).

Se o seu smartphone é Nokia, você não precisará de internet para ver os mapas. E, para isso, é só verificar se as configurações dos mapas estão offline ou online. A internet é usada em combinação com o GPS, no modo online, apenas para "apressar" a localização do aparelho pelos satélites. Mas, vou te dizer, usei o Nokia Mapas na Europa, sem conexão, e ele me achava em questão de segundos.

Além da localização, o Nokia Mapas também me ajudou a encontrar locais de interesse. Era só digitar o nome do restaurante ou da rua e pronto, ele me indicava onde estava. Com uma solução de GPS, foi bem gostoso "se perder" nas ruas de Paris e Londres. De maneira simples, eu apenas olhava onde estava no mapa, onde queria chegar e saía caminhando. Resultado: apenas no primeiro dia de Paris, andei 26 quilômetros!

Resumindo: dá pra usar GPS em viagens? Dá. Prático, rápido e barato, mas cheque como ele funciona antes de embarcar. Recomendado.

Câmera - Se o seu smartphone tem uma câmera boa, aproveite. É uma mão na roda tirar fotos com o próprio telefone em vez de ter que ficar carregando um trambolho no pescoço. O trambolho faz fotos mais elaboradas? Faz. Mas também serve como crachá ("sou turista!") e é grande demais. O mais barato de tirar as fotos mesmo foi usar o aplicativo Nokia Panorama. Ele faz fotos panorâmicas bem fácil: basta tirar uma foto, começar a girar o telefone para direita, esquerda, pra cima ou pra baixo, e ele vai automaticamente encaixando a imagem sem precisar apertar mais nada.

Ficam incríveis. Na verdade, acho que o mais legal mesmo é fazer as fotos, já que é complicado imprimir fotos panorâmicas, né? Sou um fã desse tipo de imagem desde os tempos em que usava o Sony Ericsson W800, o primeiro Walkman. Na época, a câmera já conseguia encaixar três imagens juntas na câmera, então sensacional com seus 2 megapixels (estamos falando de 2005). Fui para Memphis em 2006, fiz fotos panorâmicas e imprimi algumas. Ficaram ótimas, estão até hoje lá na gaveta, sem um porta-retrato que tenha o tamanho apropriado...

Se você não usa um Nokia, veja se sua câmera já não tem esse aplicativo. Se não tiver, procure na loja de apps. Eles são vários e comuns de achar.

Ainda sobre fotos, vale lembrar que, a não ser que você tenha um Nokia PureView (aquele com 41 megapixels), provavelmente suas fotos noturnas não ficarão boas com o smartphone. Quando escurecer, portanto, não arrisque: na hora de uma foto boa, de preferência à câmera dedicada e seu flash Xenon. A maioria dos smartphones hoje possui flash LED. É bom? É, mas não chega perto do flash Xenon, muito mais potente.

(Diferenças: o flash LED é contínuo, pode ser usado como lanterna ou para fazer vídeos de noite. Tem potência menor, mas ilumina de forma ininterrupta. Flash Xenon: tem alcance e luz muito mais fortes que o LED, porém é rápida e instantânea.)

Exemplo de foto panorâmica de Londres: visual incrível com pouca utilidade (mas e daí?)

Resumindo: dá para usar a câmera do smartphone em uma viagem? Dá. Funciona bem e cobre 98% das ocasiões, exceto em lugares mto fechados ou de noite. Aí, prefira uma câmera dedicada.

Música - Antes da viagem, enchi meu aparelhinho azul com músicas diversas. Coloquei até os clássicos do Tião Carreiro e Pardinho, prevendo que ficaria com saudade das modas de viola brasileiras. Me imaginava andando pelas ruas da europa com meu fone de ouvido e empolgado pelas canções de casa.

Não foi nada disso que aconteceu. Praticamente não ouvi música nenhuma. Primeiro, por um motivo simples: são músicas que já tinha. Não queria ouvir coisa velha. Segundo: queria ouvir o meu novo velho mundo. Queria escutar idiomas. Andar por Londres é escutar 8 idiomas em um quarteirão - e isso me enchia de empolgação. Não sei francês, mas queria ouvir os franceses falando. Queria cheirar, ouvir, tocar e sentir a cultura de lá, entendeu?

Resumindo: Dá pra ouvir música durante viagens? Dar, até dá. Mas eu achei absolutamente desnecessário quase o tempo todo. Só ouvi uma coisa ou outra durante uma viagem de trem.

Internet - Viajando pela primeira vez com um pacote de dados ao exterior, a experiência foi diferente. Afinal, ter acesso ao Facebook, Twitter e demais pragas sociais seria o máximo. Bem, até foi legal, mas só no começo.

A impressão é que as pessoas gostam de colocar suas fotos de viagens o Facebook só para os outros verem - não pq realmente querem fazer aquilo. E a coisa é meio como uma febre. Quando vi, estava desesperado conectado ao Twitter e Face apenas para dizer pra todo mundo que estava no Louvre ou qualquer ouro lugar.

Resultado: depois de dois dias conectado em Paris, desencanei. Ver e-mail? Estava de férias. Ver as novidades dos meus amigos no Facebook? Pra quê? Melhor gastar horas andando, andando e vivendo a viagem. Além do mais, smartphone conectado significa uma diminuição considerável na bateria. A única exceção, no restante da viagem, ficou por conta do Foursquare - esse é vício mesmo, admito. Como o pacote do TIM Passport cobra do usuário apenas quando ele usa os dados no exterior, deixei para me conectar ao Foursquare apenas quando tivesse uma rede Wi-fi gratuita disponível (e bati meu recorde de pontos em uma semana!).

Resumindo: dá pra usar dados de internet no exterior? Dar, até dá. As operadoras estão criando ofertas interessantes, como essa da TIM. Mas leve em consideração se você realmente precisa disso. Amigos meus inundam nossas timelines com fotos de cada momento de suas viagens, em tempo real. Você quer se conectar ou só aparecer? Pense nisso antes de tomar sua decisão.

Há outras características interessantes que eu poderia detalhar, como os jogos, o bloco de anotações, os contatos, mas o post já está imenso.

Se tiverem dúvidas, comentários ou questões técnicas, comentem!

quinta-feira, 12 de julho de 2012

A vez do torcedor 2.0

Que prazer voltar a escrever neste espaço! E isso só fica melhor quando os toques no teclado são para falar sobre algo que tem feito parte da minha vida desde a maternidade.

Sempre fui um apaixonado por futebol e desde sempre fanático pelo meu time. Tanto que minha primeira ida ao estádio se deu em 1984, quando com 2 anos de idade e ainda de fraldas “assisti” o SPFC enfrentando o Coritiba pelo Campeonato Brasileiro daquele ano. Desde lá, assistir a um jogo de futebol virou hobby e o Morumbi minha segunda casa. Enquanto crescia, me deparava com os chamados “torcedores de sofá”, título dado a torcedores menos fanáticos, que não pagam para ver seu time e que preferiam o conforto de estar em casa e de fazer outras atividades se “pegassem bode” do jogo.

Mais anos se passaram e agora vejo uma nova espécie surgir e se tornar protagonista: são os que eu chamo de “torcedores de teclado” ou “torcedores 2.0”. Uma evolução dos “torcedores de sofá”, são seres que nunca foram a um estádio de futebol, acompanham apenas retas finais ou copas do mundo, não conhecem o próprio time e a única tática que parecem ter aprendido é a de criar posts criativos e tweets.

Romântico como sou, ainda acredito que o torcedor está no estádio ou hipnotizado pela na TV na hora do jogo do seu time. O torcedor grita GOOOLLLL e não deixa de lado a emoção maior do futebol para digitar “Chupa” quando sua equipe marca um tento (alguns não saberão o que é tento); o torcedor hasteia sua bandeira, compra, veste e desfila orgulhoso com sua faixa de campeão, não tem tempo para ficar criando hashtags; o torcedor, mesmo depois de velho, coleciona álbum de figurinhas e não “likes” em seu post agressivo ao adversário.

Falando nisso, sou da época em que a melhor maneira de tirar sarro do adversário era, no dia seguinte, ir para escola ou para o trabalho com a camisa do clube, com o pôster da Placar, com a faixa de campeão. Nada mais irritante do que ver o orgulho do amigo que torce para o rival. E como isso era legal. No meio da zoação, se discutia tática, melhores em campo, projetava-se futuro, quem será vendido, quem vem para a gente tentar o próximo título. Hoje tudo se esgota na madrugada seguinte ao jogo e se resume ao que chamam de bullying cibernético. Não se discute a partida, posta-se montagens; não se canta o hino do clube, cria-se musiquinhas em que se cita mais o rival do que o próprio clube; não se sabe a escalação do time, só tem na ponta da língua o autor do último gol, que é esquecido quando este gol vira o penúltimo.

Como era divertido sair do estádio dizendo: “vou para o bar, para a Av. Paulista comemorar”. Hoje, ao fim do jogo, se diz “vou xingar muito no Twitter”. E aguardem. O melindre continua este ano em mais um episódio de “Os Eleitores 2.0”.

Ah, que fique claro: liberdade a todas as formas de expressão. E isso é só um pensamento de um fanático por futebol. Que só será compreendido por um outro fanático por futebol.

Fernando Thuler, hoje na comunicação interna da Nextel, deve muito à LVBA. Foi aqui, na Rua Alvarenga 806, que conheceu a mulher da sua vida - Daniela Valsani. Tem um filho lindo, que ainda pretende levar aos estádios muito em breve. Passou cinco anos por aqui, mas sempre que pode, volta pra visitar os amigos. Thuler descobriu na LVBA que o trabalho pode, sim, ser muito gostoso e um lugar cheio de amizades.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

keep calm and run

Acordo bem cedo...

Enquanto tomo meu café da manhã, meticulosamente imaginado na noite anterior (é difícil pensar com clareza logo cedo), olho pela janela e percebo que o céu ainda está estrelado, fato que me faz querer muito voltar para a cama e retomar o sono...

Persisto.

Confiro o kit pela terceira vez... Acerto os alfinetes e o número do peito.

No carro, seguindo para o local da prova, percebo que o sono já deu lugar ao friozinho na barriga que vai me acompanhar até a largada. Nos arredores, percebo pessoas que, vestidas e aparatadas exatamente como eu (camiseta, tênis e fones de ouvido), devem estar sentindo o mesmo.

Tá. Tudo bem. Em algumas modalidades a corrida pode até ser considerada um esporte individual, mas é preciso admitir: solitária ela não é.

E sabe o que é mais engraçado? Olhar para um número tão grande de estranhos e, ainda assim, sentir que estas pessoas – este incrível número de rostos que nunca vi e de histórias que nunca ouvi – integram a mesma equipe que eu, e que somos parte de um time cada vez maior...

Exagero?

Bom... pra mim, não.

Sabe? É a primeira vez que me apego a um esporte. Quer dizer... Sempre gostei de nadar, mas mesmo quando eu praticava, qualquer desculpa era suficiente pra me afastar das piscinas...

Pra ser sincera, acho que apesar de cordial, minha relação com o esporte sempre foi assim... distante. Era difícil entender, por exemplo, por que diabos as pessoas choravam assistindo futebol...

E o estalo só aconteceu durante a primeira prova de que participei...

Pode parecer estranho, mas quando percebi o pelotão de elite passar voando por mim, enquanto (com muito esforço) eu ainda lutava para completar meu segundo quilometro, não consegui segurar o choro... Mas não foi aquele choro de quem sofre uma derrota vergonhosa... não... As lágrimas eram de admiração. Eram minha forma de demonstrar felicidade por aqueles que deram passadas (ok... passadas muito mais rápidas que as minhas) naquela mesma trilha... eram um sinal cúmplice para aqueles que sabiam exatamente o que eu estava passando ou sentindo, porque também já haviam passado por uma primeira prova.

Mas o fato é que, a partir daí, as lágrimas viraram habituais...

Mesmo acompanhando a distância, não consigo mais conter a emoção de perceber pessoas superando desafios...

Chorei assistindo à Maratona de São Paulo, por exemplo, da mesma forma e com a mesma intensidade com que chorei ao acompanhar, na última prova do Circuito das Estações, os metros finais percorridos por um cara que usava uma prótese e por uma garota de muletas. Com eles, além das lágrimas, dividi também alguns gritos (que atribuo à endorfina) e o sorriso, que é a marca universal da superação.

Cada um teve um motivo pra começar, pra resistir e pra continuar. E por mais diferentes que estas razões possam ser, todos compartilham de um mesmo objetivo: chegar ao final.

Acredite... Na corrida, não é você contra você mesmo. É você a seu favor.

Então, keep calm and run, baby, run.

Camila Pires está triste porque não vai conseguir participar da próxima São Silvestre, mas já está se preparando para 2013...

quinta-feira, 28 de junho de 2012

A gente não "podemos" fazer nada!



Há dez dias, passei por uma experiência bem desagradável. Fui a uma cerimônia de cremação no Crematório Municipal da Vila Alpina, em São Paulo. Claro que o simples fato de estar naquele local, tornava meu sábado um bocado triste. Depois de 70 dias internada numa UTI, Judith, esposa do Nelson, um grande amigo do meu marido, veio a falecer. Era uma pessoa alegre, inteligente, doce e muito querida. A emoção e a tristeza tomaram conta de centenas de amigos.

Ao final da cerimônia, encontro meu carro – que estava estacionado numa vaga formal, dentro das instalações do Crematório – suspenso por um macaco e com as duas rodas do lado esquerdo furtadas. A cena é ridícula! Assustadora! Por um minuto temi que o ladrão voltasse para buscar o macaco. Trêmula e branca, tal como uma assombração (ops, desculpem a infeliz comparação...), corri para a administração do local para comentar o fato. Todos foram atenciosos, mas sempre deixando claro que “não tem nada que possamos fazer”. Pedi a presença da Guarda Civil Metropolitana, responsável pelo policiamento do local que, igualmente gentil e atenciosa, dizia “não tem nada o que podemos fazer”.
Óbvio que, diante da dor dos familiares da Judith, que olhavam chocados para o meu carro, relativizei minha raiva e meu problema. Eram só duas rodas e o guincho chegaria em minutos para levar o carro para uma oficina autorizada. O sofrimento deles não tem guincho que pudesse minimizar.
Então, parti para a solução do problema e, na terça-feira, após desembolsar R$ 1.790,00 , estava com o carro em ordem. Saí da concessionária, andei menos de dois quilômetros e percebi que minha sensação não era de problema resolvido. Me dei conta de que o problema poderia acontecer novamente, pois, se mesmo dentro de um estacionamento isso acontece, eu estava vulnerável para passar por isso novamente. Comecei a escutar as vozes simpáticas dizendo “não podemos fazer nada”.
Aí entendi a origem das fobias e das neuroses. Naquele exato momento, eu podia ir para casa, me trancar para me resguardar das violências do mundo, ou enfrentava o medo e pensava: o que eu posso fazer? Voltei para a concessionária e troquei ideias com os técnicos sobre dispositivos existentes que poderiam evitar que rodas e estepes sejam roubados.
Investi mais R$ 511,00 e instalei tais dispositivos. Foi um investimento mesmo. Afinal, fiz isso pela minha sanidade emocional. Para que eu pudesse continuar vivendo sem me sentir ameaçada a cada esquina. E meu objetivo ao registrar esta experiência é compartilhar uma vivência importante para todos que moram em cidades violentas e agressivas. Entrar na neura, é fácil. Daí nascem as síndromes do pânico, as depressões e outras patologias. Infelizmente, é a pura verdade: ninguém faz nada por nós (não é certo, mas é assim que acontece!). Porém, nós podemos ficar atentos e optar por viver, apesar de tudo.
A tentação de colocar a boca no mundo é enorme. De dizer que eu pago os impostos, IPVA, seguro obrigatório, taxa de licenciamento e mais isso, aquilo e aquilo outro. Mas isso daria outra pauta, outra discussão. #ficaadica somente do “tem tudo o que você pode fazer por você”.